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Sucesso parcial
Lançamento de foguete em Alcântara mostra que país está muito distante de dominar o básico em seu programa espacial
O BRASIL custa a colecionar uma vitória inconteste no programa espacial. Desta vez, o foguete VSB-30 subiu conforme
planejado, atingindo altitude de
242 km antes de iniciar a trajetória descendente. Mas a Agência
Espacial Brasileira (AEB) foi incapaz de recuperar o chamado
módulo útil -com os experimentos levados ao espaço-, que
se perdeu no mar. A carga representava 500 mil dos 900 mil
gastos no VSB-30.
Em comparação com o programa VLS (Veículo Lançador de
Satélites), o VSB (Veículo de
Sondagem Booster) não amarga
tantos fiascos. Todos os quatro
VSBs até hoje lançados voaram.
Os três primeiros -dois deles
partiram da Europa- não apresentaram problemas.
Já o VLS até agora é um fracasso. As duas primeiras tentativas
de colocá-lo no espaço (1997 e
1999) se frustraram sem causar
vítimas. Em 2003, na terceira,
um acidente destruiu o foguete
em solo, matando 21 técnicos na
base de Alcântara (MA).
A questão é que a tecnologia
empregada no VSB é quase primitiva quando comparada à do
VSL. O VSB é um foguete de dois
estágios, não-guiado, que voa no
máximo a 7.000 km/h -só tem
capacidade para vôos suborbitais. É utilizado para realizar experimentos científicos em ambiente de microgravidade.
Já o VLS, cuja função é levar
satélites ao espaço, é um artefato
de quatro estágios, capaz de atingir as velocidades de 27.000
km/h necessárias para colocar
objetos na órbita da Terra. Lançar, e apenas com sucesso parcial, um VSB fica muito aquém
dos objetivos do programa espacial do país.
O Brasil reúne dimensões, recursos e massa crítica que justificam um programa espacial digno deste nome. Dominar a tecnologia de foguetes pode trazer
vantagens tanto do ponto de vista estratégico como econômico.
Não é bom que o país dependa
do cronograma ou do interesse
de potências estrangeiras para
lançar seus satélites. No plano
comercial, a atividade é promissora, especialmente pelas condições geográficas da base de Alcântara, cuja proximidade com a
linha do Equador diminui os
custos e aumenta a eficiência
dos lançamentos.
Não é possível, no entanto, reivindicar um lugar nesse mercado sem investir séria e pesadamente em pesquisa e tecnologia.
Não tem sido assim.
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