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ANTONIO DELFIM NETTO
O duplo mergulho
A recente revisão das estimativas do crescimento mundial feita pelo Fundo Monetário Internacional (que como
"previsão" é sujeita a chuvas e
trovoadas) mostra que, até onde é possível enxergar o futuro, existe um movimento de
recuperação que foi vigoroso
no primeiro trimestre de 2010
e provavelmente seguirá a
uma velocidade menor nos trimestres seguintes.
Segundo o FMI, o mundo
crescerá em 2010 qualquer
coisa como 4,6%, contra um
crescimento negativo de 0,6%
em 2009. Para 2011 o FMI sugere um crescimento de 4,3%.
Com exceção de alguns
analistas da evolução do mercado financeiro internacional,
ninguém considera seriamente a probabilidade de uma nova crise (o "double dip").
Quando se olha para o setor
produtivo, há um otimismo
moderado de que o processo
de recuperação vai continuar.
Os EUA, ao lado das medidas monetárias e fiscais de estímulo ao crescimento, mas
relativamente hostis ao setor
produtivo, continuam a dar
ênfase à busca da autonomia energética.
Acrescentaram recentemente três vetores mais agradáveis ao setor produtivo privado para tentar mobilizá-lo:
1) duplicar em cinco anos o valor das exportações com amplo e sofisticado suporte governamental; 2) acelerar os
acordos de livre comércio parados no Congresso por pressão dos sindicatos e 3) uma
ação psicológica e de persuasão moral sobre os empresários para que acreditem na recuperação e aumentem seus
investimentos, uma vez que
dispõem de US$ 2 trilhões em
caixa. O FMI estima para os
EUA um crescimento de 3,3%
para 2010 e 2,9% para 2011.
No caso da Alemanha (crescimento de 1,4% em 2010 e
1,6% em 2011 de acordo com o
FMI), o ministro das Finanças
estima que o crescimento poderá atingir 2% em 2010 graças à credibilidade, no setor
privado, do ajuste fiscal e ao
aumento das exportações promovidas pela desvalorização
do euro.
No caso do Japão, a dependência das exportações é
maior e sua rápida expansão
no primeiro trimestre levou o
FMI a estimar um crescimento
do PIB de 2,4% em 2010 e 1,8%
em 2011.
Na China continuam os estímulos de toda sorte à produção e à criação de um mercado
interno cada vez mais robusto.
Ela iniciou agora um novo e
importante programa, a
"Grande Exploração do Oeste". O FMI estima um crescimento de 10,5% em 2010 e de
9,6% em 2011.
No nível do setor produtivo,
que cria o PIB e dá emprego,
parece que ninguém está falando num "double dip" criador da volatilidade tão querida dos especuladores financeiros.
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às
quartas-feiras nesta coluna.
contatodelfimnetto@uol.com.br
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