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RETRATO DA MORTE JOVEM
Volta ao centro da agenda de
imprensa e poder público o tema da violência. Na quinta-feira, numa rebelião no presídio da Papuda,
em Brasília, morreram 11 presos carbonizados. Na cidade de São Paulo,
avolumam-se casos de pessoas covardemente assassinadas em seus
veículos, enquanto continua a rotina
de chacinas na periferia. E a ousadia
dos bandidos não tem limites. Um
grupo foi capaz de roubar um avião
de passageiros em pleno vôo.
Por mais frias que pareçam as estatísticas, é sempre bom debruçar-se
sobre alguns números quando surge
um assunto que toca num terreno
basicamente emocional, como é o
caso da violência, que sempre desperta o medo da morte.
Na semana passada, a Unesco, órgão das Nações Unidas para educação, ciência e cultura, divulgou uma
ampla pesquisa sobre os efeitos da
violência especialmente nos jovens
brasileiros nos dez anos compreendidos entre 1989 e 1998.
Batizada de "Mapa da Violência 2"
(pois é o sucedâneo de um outro estudo feito para o período 1979-1986),
a enquete procurou levantar e cruzar
dados sobre algumas causas externas de mortalidade -homicídios,
suicídios e acidentes em transporte-, comparando indicadores mais
gerais com outros específicos para a
faixa etária entre 15 e 24 anos.
Para ficar apenas no quesito homicídio, entre 89 e 98 a taxa anual de
óbitos por essa forma de violência
subiu 25,7% se considerado o universo da população total do país. Entre os jovens, o crescimento deu-se
num ritmo maior: 32%. No ano retrasado, a taxa de mortes por homicídios foi de pouco mais de 47 em cada
100 mil jovens brasileiros.
Mas os números se tornam mais
reveladores quanto mais regionalizados. Em 98, a taxa de jovens assassinados na cidade de Recife foi de abissais 255,7 em cada grupo de 100 mil.
A capital pernambucana é onde se
assassina mais, no Brasil, na população entre 15 e 24 anos de idade.
Nesse ranking macabro, seguem
Vitória, Rio de Janeiro, Cuiabá, Porto
Velho, São Paulo e Macapá. Fica evidente ao menos um dos elementos
que explicam a formação desse conjunto de cidades brasileiras campeãs
da morte adolescente: a droga.
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