São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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RETRATO DA MORTE JOVEM

Volta ao centro da agenda de imprensa e poder público o tema da violência. Na quinta-feira, numa rebelião no presídio da Papuda, em Brasília, morreram 11 presos carbonizados. Na cidade de São Paulo, avolumam-se casos de pessoas covardemente assassinadas em seus veículos, enquanto continua a rotina de chacinas na periferia. E a ousadia dos bandidos não tem limites. Um grupo foi capaz de roubar um avião de passageiros em pleno vôo.
Por mais frias que pareçam as estatísticas, é sempre bom debruçar-se sobre alguns números quando surge um assunto que toca num terreno basicamente emocional, como é o caso da violência, que sempre desperta o medo da morte.
Na semana passada, a Unesco, órgão das Nações Unidas para educação, ciência e cultura, divulgou uma ampla pesquisa sobre os efeitos da violência especialmente nos jovens brasileiros nos dez anos compreendidos entre 1989 e 1998.
Batizada de "Mapa da Violência 2" (pois é o sucedâneo de um outro estudo feito para o período 1979-1986), a enquete procurou levantar e cruzar dados sobre algumas causas externas de mortalidade -homicídios, suicídios e acidentes em transporte-, comparando indicadores mais gerais com outros específicos para a faixa etária entre 15 e 24 anos.
Para ficar apenas no quesito homicídio, entre 89 e 98 a taxa anual de óbitos por essa forma de violência subiu 25,7% se considerado o universo da população total do país. Entre os jovens, o crescimento deu-se num ritmo maior: 32%. No ano retrasado, a taxa de mortes por homicídios foi de pouco mais de 47 em cada 100 mil jovens brasileiros.
Mas os números se tornam mais reveladores quanto mais regionalizados. Em 98, a taxa de jovens assassinados na cidade de Recife foi de abissais 255,7 em cada grupo de 100 mil. A capital pernambucana é onde se assassina mais, no Brasil, na população entre 15 e 24 anos de idade.
Nesse ranking macabro, seguem Vitória, Rio de Janeiro, Cuiabá, Porto Velho, São Paulo e Macapá. Fica evidente ao menos um dos elementos que explicam a formação desse conjunto de cidades brasileiras campeãs da morte adolescente: a droga.



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