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JAPÃO MENOS MAL
A primeira elevação dos juros
no Japão depois de uma década
praticamente não teve efeito nos
mercados. A reação foi quase nula:
muitos já esperavam essa decisão,
outros consideram-na irrelevante.
Para os mais otimistas, o sinal emitido pelo Banco do Japão apenas
confirma o cenário de recuperação
gradual. Soa como uma garantia oficial de confiança na retomada do
crescimento econômico.
Para os pessimistas, a recuperação
continua lenta demais e altas de juros, qualquer que seja a sua intensidade, certamente não contribuem
para fazer a economia crescer mais.
O problema japonês, no entanto,
não é puramente macroeconômico,
ou seja, ele não se limita à administração de juros e pacotes fiscais. Existe uma profunda crise no sistema financeiro daquele país. Muitos bancos, sem conseguir receber os créditos de que são titulares, ficaram impossibilitados de investir e financiar
o crescimento econômico.
O longo período de taxas de juros
zeradas (18 meses) ajudou na reestruturação das empresas e, assim, facilitou o ajuste nos próprios bancos.
O juro zero era também uma resposta aos riscos de deflação, que deprime os lucros das empresas e dificulta a retomada do investimento.
Ao mudar sua política, o Banco do
Japão dá a entender que o cenário
econômico é mais promissor: sem
risco de deflação, o governo não precisaria usar pacotes de estímulo fiscal e as empresas começariam a fazer
investimentos em setores dinâmicos, em especial de alta tecnologia.
Nesse contexto de recuperação, a
elevação dos juros também contribui
para a recuperação da rentabilidade
dos próprios bancos. Como no Japão há uma simbiose entre bancos e
indústrias, o saneamento financeiro
melhora as perspectivas de financiamento ao crescimento industrial.
Menos mal. A segunda economia
do mundo poderá servir de contrapeso, ainda que limitado, à desaceleração que se espera a partir de agora na
maior economia do planeta, os EUA.
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