São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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JAPÃO MENOS MAL

A primeira elevação dos juros no Japão depois de uma década praticamente não teve efeito nos mercados. A reação foi quase nula: muitos já esperavam essa decisão, outros consideram-na irrelevante.
Para os mais otimistas, o sinal emitido pelo Banco do Japão apenas confirma o cenário de recuperação gradual. Soa como uma garantia oficial de confiança na retomada do crescimento econômico.
Para os pessimistas, a recuperação continua lenta demais e altas de juros, qualquer que seja a sua intensidade, certamente não contribuem para fazer a economia crescer mais.
O problema japonês, no entanto, não é puramente macroeconômico, ou seja, ele não se limita à administração de juros e pacotes fiscais. Existe uma profunda crise no sistema financeiro daquele país. Muitos bancos, sem conseguir receber os créditos de que são titulares, ficaram impossibilitados de investir e financiar o crescimento econômico.
O longo período de taxas de juros zeradas (18 meses) ajudou na reestruturação das empresas e, assim, facilitou o ajuste nos próprios bancos.
O juro zero era também uma resposta aos riscos de deflação, que deprime os lucros das empresas e dificulta a retomada do investimento.
Ao mudar sua política, o Banco do Japão dá a entender que o cenário econômico é mais promissor: sem risco de deflação, o governo não precisaria usar pacotes de estímulo fiscal e as empresas começariam a fazer investimentos em setores dinâmicos, em especial de alta tecnologia.
Nesse contexto de recuperação, a elevação dos juros também contribui para a recuperação da rentabilidade dos próprios bancos. Como no Japão há uma simbiose entre bancos e indústrias, o saneamento financeiro melhora as perspectivas de financiamento ao crescimento industrial.
Menos mal. A segunda economia do mundo poderá servir de contrapeso, ainda que limitado, à desaceleração que se espera a partir de agora na maior economia do planeta, os EUA.


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