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MATURIDADE SOB PRESSÃO
É positivo o saldo político que
emerge das reuniões do presidente Fernando Henrique Cardoso
com os quatro principais candidatos
à sua sucessão. Ainda que elas se tenham dado num contexto de pressão
dos chamados mercados financeiros
sobre o jogo político, revelam um
grau de maturidade e responsabilidade dos postulantes à Presidência
que só pode ser saudado.
O "pacto" selado entre candidatos
e presidente, como dissera esta Folha
em editorial, não poderia ir além de
um compromisso genérico com a
manutenção da inflação baixa e de
um elevado superávit fiscal (receitas
menos despesas, antes dos juros).
Assim o foi. É o possível por ora.
A vulnerabilidade do sistema político brasileiro aos humores dos mercados não é uma invenção da direita
internacional, do Consenso de Washington ou do FMI. Trata-se de um
fato concreto, vinculado à extrema
exposição, induzida pela política pública, dos agentes econômicos instalados no Brasil a um ciclo global de
crédito farto e barato que agora, em
refluxo, cobra seu preço.
Como consequência, o próximo
presidente estará, queira ou não, manietado por gravíssimas restrições
macroeconômicas. Se afrontar os
mercados internacionais, sua margem de manobra, que já será pequena, tenderá a reduzir-se ainda mais.
É preciso agora que as elites brasileiras aprendam a lição fundamental
dessa crise. Pois o capitalismo global, se repetir a sua plurissecular história, em algum momento no futuro
vai digerir a "malaise" do sobreinvestimento e voltar a expandir-se. Nessa
hora, em que a memória das tormentas passadas tende a ser reprimida, é
que se deverá cobrar dos agentes tomadores de decisão a responsabilidade cambial. Um país das dimensões do Brasil não pode tornar-se um
mero e impotente refém dos fluxos
internacionais de capital.
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