São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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APOIO COERENTE

Começam a sair do papel medidas para responder à retração da oferta de crédito externo aos exportadores brasileiros. Já a partir da próxima semana os exportadores terão acesso a créditos que poderão somar US$ 2 bilhões, originados do repasse de dólares do Banco Central.
A medida é bem-vinda, assim como a rapidez na sua implementação. A falta de crédito prejudicava a capacidade da nossa economia de obter dólares por conta própria, exportando. Mas claramente a medida é só um paliativo num quadro de escassez de dólares que continua grave.
Outra iniciativa que vem sendo anunciada é a realização de encontros entre nossas autoridades econômicas e representantes de bancos internacionais. O objetivo dos encontros seria convencer os bancos a reabrir ou a manter as suas linhas de crédito aos exportadores brasileiros.
As chances de sucesso dessa iniciativa serão muito maiores se a equipe econômica brasileira conseguir engajar na discussão as autoridades monetárias dos países ricos. Uma das principais razões da retração do crédito comercial ao Brasil foi o endurecimento, determinado exatamente pelos bancos centrais e pelas instituições de regulação bancária dos países ricos, dos critérios de classificação do risco atribuído aos créditos a países emergentes.
Ou seja, a redução da disposição dos bancos internacionais de emprestar ao Brasil foi em parte induzida pelos bancos centrais dos EUA e da Europa. Será difícil coordenar a reversão dessa posição mais cautelosa dos bancos privados sem contar com o apoio dessas autoridades.
Já está claro que o acordo com o FMI não reanimou os bancos e investidores privados a ofertar crédito ao Brasil. E, sem alguma retomada do crédito privado, o empréstimo do FMI é insuficiente para sanar a escassez de dólares no Brasil. Logo, o abrandamento dos critérios de classificação de risco impostos pelos principais bancos centrais tornou-se um requisito para que o empréstimo do FMI possa efetivamente ajudar a reverter a crise cambial brasileira.


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