São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Terra à vista

BRASÍLIA - O empresário Nenê Constantino telefonou para o governador do DF, José Roberto Arruda, comunicando que está comprando um terreno da Marinha em área nobre de Brasília, perto do Memorial JK, para construir um conjunto residencial à custa de uma "módica" mudança no gabarito, de três para seis andares. Constantino é um dos donos da Gol e pivô do escândalo que levou o ex-governador do DF Joaquim Roriz a renunciar ao mandato de senador. Arruda não gostou da história.
Em reunião na última quinta, avisou ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento) que, se o governo federal quiser usar suas áreas para construir prédios públicos da própria União, tudo beleza. Mas, se quiser vender para empresas privadas, tem que passar pela Terracap, empresa pública com 51% do capital do DF e 49% da União. Por que vender direto para Constantino?
Arruda também chiou contra a intenção do Exército de vender um terreno de aproximadamente 500 hectares entre a Rodoferroviária e o Setor de Indústria, que viraria um novo bairro residencial para 80 mil pessoas. Para o governador, o projeto agride o Plano Piloto de Brasília, tombada pelo Patrimônio Histórico, e não prevê sistemas de água, esgoto e até viário na área.
Na reunião, Arruda fez alusão à pindaíba das Forças Armadas, indagando se os militares não estão vendendo terrenos para fazer caixa. Bernardo -que tinha concordado no resto- deu um pulo: Ah, isso, não. E anunciou que o Orçamento da Defesa vai aumentar R$ 2 bilhões em 2008, sem contar R$ 800 milhões via PAC (Plano de Aceleração do Crescimento, que ainda não engatou a primeira).
Bernardo telefonou ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, no mesmo dia. Misturar Nenê Constantino, Marinha, gabarito de prédio e bairro novo em Brasília não chega a ser nenhum caos aéreo. Mas pode dar uma baita dor de cabeça.

elianec@uol.com.br


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