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ELIANE CANTANHÊDE
Terra à vista
BRASÍLIA - O empresário Nenê
Constantino telefonou para o governador do DF, José Roberto Arruda, comunicando que está comprando um terreno da Marinha em
área nobre de Brasília, perto do Memorial JK, para construir um conjunto residencial à custa de uma
"módica" mudança no gabarito, de
três para seis andares. Constantino
é um dos donos da Gol e pivô do escândalo que levou o ex-governador
do DF Joaquim Roriz a renunciar
ao mandato de senador.
Arruda não gostou da história.
Em reunião na última quinta, avisou ao ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) que, se o governo
federal quiser usar suas áreas para
construir prédios públicos da própria União, tudo beleza. Mas, se
quiser vender para empresas privadas, tem que passar pela Terracap,
empresa pública com 51% do capital do DF e 49% da União. Por que
vender direto para Constantino?
Arruda também chiou contra a
intenção do Exército de vender um
terreno de aproximadamente 500
hectares entre a Rodoferroviária e o
Setor de Indústria, que viraria um
novo bairro residencial para 80 mil
pessoas. Para o governador, o projeto agride o Plano Piloto de Brasília,
tombada pelo Patrimônio Histórico, e não prevê sistemas de água, esgoto e até viário na área.
Na reunião, Arruda fez alusão à
pindaíba das Forças Armadas, indagando se os militares não estão vendendo terrenos para fazer caixa.
Bernardo -que tinha concordado
no resto- deu um pulo: Ah, isso,
não. E anunciou que o Orçamento
da Defesa vai aumentar R$ 2 bilhões em 2008, sem contar R$ 800
milhões via PAC (Plano de Aceleração do Crescimento, que ainda não
engatou a primeira).
Bernardo telefonou ao ministro
da Defesa, Nelson Jobim, no mesmo dia. Misturar Nenê Constantino, Marinha, gabarito de prédio e
bairro novo em Brasília não chega a
ser nenhum caos aéreo. Mas pode
dar uma baita dor de cabeça.
elianec@uol.com.br
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