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FHC NA CRISTA DA CRISE
Os mais de dois anos de desgaste
entre Fernando Henrique Cardoso e
os governadores do PSDB começaram a degenerar em conflito aberto
depois que o presidente assumiu de
vez o seu papel de grande árbitro do
atual pacto de poder. Isto é, quando
FHC transformou os aliados de "a a
z", mesmo os de última hora, em sublegendas do grande "partido da situação". No quebra-cabeças das
composições, FHC tratou de empurrar eventuais adversários na corrida
presidencial para a briga nos Estados
-caso de Itamar em Minas e Maluf
em São Paulo; ou, então, afagou candidaturas locais de oposição ao PSDB
-caso de César Maia no Rio.
Ao atiçar a disputa regional por fatias do seu prestígio e do Real, o presidente acabou por levar Covas, por
exemplo, a desistir de uma campanha que já era difícil mesmo antes de
Maluf obter uma neutralidade velada
do Planalto. Pesquisa Datafolha publicada ontem mostra que o governador não disputaria hoje nem o segundo turno, perdendo para Maluf e
Francisco Rossi. Serra, Sérgio Motta,
Paulo Renato e Geraldo Alckmin, pela ordem, fariam ainda pior figura.
No entanto, essa crise, infernal para
os tucanos, talvez não venha a prejudicar a reeleição de FHC.
Mesmo com desistências ou fracassos peessedebistas, o presidente fez
pactos com candidaturas vencedoras
nos Estados. Os tucanos "magoados" não devem se transformar em
algo como Ciro Gomes. E, talvez
mais importante, para todos esses
políticos é difícil imaginar um lugar
que não o barco governista. O presidente, aliás, chegou a ameaçar a possibilidade de vir a desistir do Planalto
em 98; nesse caso remoto, os tucanos mais uma vez teriam de estar
com FHC para ungi-lo novamente
candidato e evitar o desastre de perder um lugar no poder federal.
Com sua estratégia, o presidente
ajuda a desestruturar ainda mais o
sistema partidário brasileiro. Mas,
ao que tudo indica, partidos em frangalhos facilitariam sua reeleição.
Hoje, e provavelmente em 98, o poder é FHC; para os tucanos, com certeza o poder em 98 ainda se chamará
FHC, ou o PSDB estará fora do governo federal. Se o presidente vai se tornar ainda mais refém de um Congresso dominado por não-tucanos
ou de governadores pefelistas ou pepebistas, isso é outra história.
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