São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997.



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FHC NA CRISTA DA CRISE

Os mais de dois anos de desgaste entre Fernando Henrique Cardoso e os governadores do PSDB começaram a degenerar em conflito aberto depois que o presidente assumiu de vez o seu papel de grande árbitro do atual pacto de poder. Isto é, quando FHC transformou os aliados de "a a z", mesmo os de última hora, em sublegendas do grande "partido da situação". No quebra-cabeças das composições, FHC tratou de empurrar eventuais adversários na corrida presidencial para a briga nos Estados -caso de Itamar em Minas e Maluf em São Paulo; ou, então, afagou candidaturas locais de oposição ao PSDB -caso de César Maia no Rio.
Ao atiçar a disputa regional por fatias do seu prestígio e do Real, o presidente acabou por levar Covas, por exemplo, a desistir de uma campanha que já era difícil mesmo antes de Maluf obter uma neutralidade velada do Planalto. Pesquisa Datafolha publicada ontem mostra que o governador não disputaria hoje nem o segundo turno, perdendo para Maluf e Francisco Rossi. Serra, Sérgio Motta, Paulo Renato e Geraldo Alckmin, pela ordem, fariam ainda pior figura.
No entanto, essa crise, infernal para os tucanos, talvez não venha a prejudicar a reeleição de FHC.
Mesmo com desistências ou fracassos peessedebistas, o presidente fez pactos com candidaturas vencedoras nos Estados. Os tucanos "magoados" não devem se transformar em algo como Ciro Gomes. E, talvez mais importante, para todos esses políticos é difícil imaginar um lugar que não o barco governista. O presidente, aliás, chegou a ameaçar a possibilidade de vir a desistir do Planalto em 98; nesse caso remoto, os tucanos mais uma vez teriam de estar com FHC para ungi-lo novamente candidato e evitar o desastre de perder um lugar no poder federal.
Com sua estratégia, o presidente ajuda a desestruturar ainda mais o sistema partidário brasileiro. Mas, ao que tudo indica, partidos em frangalhos facilitariam sua reeleição.
Hoje, e provavelmente em 98, o poder é FHC; para os tucanos, com certeza o poder em 98 ainda se chamará FHC, ou o PSDB estará fora do governo federal. Se o presidente vai se tornar ainda mais refém de um Congresso dominado por não-tucanos ou de governadores pefelistas ou pepebistas, isso é outra história.





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