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Vamos fugir para o Brasil?
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Os dois mafiosos estão tensos. Diante do chefão Cross De
Lena, o matador Lia Vazzi parece nervoso, preocupado: o policial corrupto
Jim Losey está pegando no seu pé, tentando incriminá-lo por causa do desaparecimento do mau-caráter Boz Skanet. Vazzi acabou mesmo com a raça
de Skanet, para que ele deixasse em
paz a estrela de Hollywood Athena
Aquitane. E Losey suspeita de Vazzi.
Agora, o exterminador siciliano Vazzi
está nas mãos de seu querido chefe, o
mafioso chic Cross De Lena.
Diante da inquietação de seu matador predileto, Cross encontra a solução: "Por que você não tira umas férias no Brasil?".
Toda essa trama acima, e o Brasil
como solução do problema, está no
mais recente livro de Mario Puzo, "O
Último Chefão" (Editora Record).
Chefões, assassinatos sob encomenda, policiais e políticos corruptos, sexo, armas e violência, sempre com a
Máfia como recheio, são a especialidade de Puzo, idealizador da saga de
dom Vito Corleone, "O Poderoso Chefão", e seus sucessores.
A "famiglia" agora é outra. São os
Clericuzzo, mas ainda há o "dom" e
seus asseclas, entre os quais De Lena,
um mafioso de classe.
Não é a primeira vez que o Brasil é
lembrado como destino adequado a
criminosos. Assim como no romance
de Puzo, em geral o país é citado apenas de passagem. Mas basta.
Afinal, para os ficcionistas do Primeiro Mundo, o Brasil remete a duas
coisas: paraíso tropical e lugar seguro
para quem quer fugir da lei.
Se alguém está prestes a levar uma
bala de grosso calibre no meio da testa, não há problema: vá para o Brasil.
Rio, samba, Carnaval, mulatas etc.
Pensando bem, nada mau. Que tal
fugir para o Brasil?
Se você corre o risco de levar um Serjão no meio da idéia; se não aguenta
mais o neoliberalismo escamoteado de
FHC; se, pelas barbas do profeta, não
há Lula que o tire dessa agonia, fuja.
Fuja para o Brasil...
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