São Paulo, domingo, 21 de setembro de 1997.



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Cabra macho, sim senhor

ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Se alguém ganhou com a guerra de foice eleitoral até agora, esse alguém se chama Ciro Gomes.
FHC virou saco de pancada. Lula não eletrizou. Entre os dois, Sarney deixou a impressão de só pensar na reeleição de Roseana; Itamar ainda está no nhenhenhém entre amigos; Requião não deu para o gasto.
Ciro, ao contrário, conquistou um surpreendente espaço na imprensa, consolidou um discurso incisivo, sacudiu a eleição. Tanto incomodou FHC quanto Lula. Os dois lados o temem.
Seu calcanhar-de-aquiles é o estigma de "novo Collor". É o político nordestino que veio do PDS, passou por alguma lapidação em Harvard, não tem limites e não dá bola para estruturas partidárias. Logo, um risco.
Mas há o lado bom: é jovem, bonitão, ousado, quase desbocado. Participou do Plano Real e defende a estabilidade, mas com novos passos a favor da indústria nacional. Um adversário duríssimo numa tela de televisão.
Se conseguir um acordo com Arraes, será candidato já a presidente. O problema é quem dá o primeiro passo: Ciro só vai para o PSB para ser candidato; Arraes só fala em candidatura depois que ele for para o PSB. O impasse deve acabar nesta semana.
Mesmo que não dispute a Presidência já, Ciro está em ascensão. Pode ser deputado, senador ou de novo governador. E é um nome provável em 2002.
Outro é Luís Eduardo Magalhães e um terceiro pode ser César Maia, ambos do PFL. E não só eles.
ACM gostaria muito que Luís Eduardo fosse governador da Bahia. Ele próprio, porém, parece seduzido pelo Senado e por um ministério num eventual segundo mandato de FHC.
Já César Maia é uma estrela eleitoral, mas não um bom político. Não articula, não negocia, não cede. O PFL parece cada dia mais desconfiado com ele, especialmente porque pode tentar atrapalhar os planos dos Magalhães.
Há pouco tempo, FHC previu: "A minha geração de políticos acaba comigo". A insinuação de opções mais jovens no atual cenário e a discussão prematura de nomes para 2002 mostram que pode estar certo. Por ironia, Ciro é o mais nítido exemplo disso.





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