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VALDO CRUZ
O último teste!?
BRASÍLIA - Lula está diante da
possibilidade de se tornar, de fato, o
grande eleitor de 2010, com capacidade de eleger Dilma Rousseff ou
outro nome que lhe venha à cabeça
como seu sucessor.
Explico: a oposição costuma dizer que o petista se deu bem no Planalto por pura sorte, empurrado
pelos ventos favoráveis da economia internacional e sem enfrentar
nenhuma grave crise.
Pois bem, lembra um aliado presidencial, Lula tem agora pela frente não uma crise periférica, como as
do período de FHC, mas uma baita
turbulência na maior economia do
planeta, disseminando-se para Europa e Japão.
Se fizer a travessia da tormenta
com baixo grau de perdas, fortalecendo ainda mais a economia brasileira, Lula enfraquecerá o último
discurso da oposição para tentar diminuir seus méritos.
A tarefa não é nada simples. Ninguém sabe dizer com segurança o
tamanho da encrenca armada no
mundo desenvolvido nem quantas
vítimas, leia-se bancos, ainda tombarão até que tudo volte à normalidade na economia.
Lula, contudo, pode ser realmente um sujeito de sorte. Se a crise
atual não é na periferia, mas na economia central, ela vem num momento em que o mundo já não depende exclusivamente dos EUA como seu principal motor.
Aí, por sinal, está a aposta de auxiliares presidenciais para ter uma
visão otimista no meio de tanta
confusão. Se não sabem onde está o
fundo do poço, assessores de Lula
acreditam que países como China e
Índia vão sofrer, mas não tanto,
mantendo taxas elevadas de crescimento do PIB.
Enfim, Lula está diante de sua
primeira crise mundial. Tomara
que, reservadamente, seu discurso
seja diferente do que tem usado publicamente, num tom exageradamente otimista e de certo descaso.
Afinal, qualquer descuido hoje
pode ser fatal. Vai que a China entra
em parafuso. Aí, seu último teste
pode transformar seus sonhos em
pesadelos.
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