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PLÍNIO FRAGA
A namorada do marinheiro só
RIO DE JANEIRO - Em 1957, o
Sputnik e a cadela Laika foram lançados ao espaço, e os soviéticos saíram na frente da corrida espacial
contra os americanos. A África fervilhava com a independência de
Gana. Mas o jovem marinheiro
John McCain não estava preocupado com isso. Acabara de desembarcar no Rio, após se formar na Academia Naval dos EUA.
Em seu livro de memórias, disse
ter vivido, nesse ano, nove dias de
paixão com uma brasileira que dirigia uma Mercedes, a quem teria conhecido numa festa no morro da
Urca. Ninguém sabe ao certo quem
ela é, mas surgiu candidata até em
Magé. Quem viveu 1957 acha mal
contada essa história da Mercedes.
Pelo que mostram as gazetas de
1957, aquele verão tinha tudo para
ficar na história. Uma comissão
municipal discutia os modelos de
banho que seriam permitidos nas
praias e liberou a exibição do tronco
nu para os homens.
O hoje candidato a presidente levou a namorada ao cinema? As opções de lançamentos de 1957 eram
excelentes. Um enamorado deveria
optar por "Morangos Silvestres", de
Ingmar Bergman, mas o marinheiro McCain poderia ter escolhido títulos mais afeitos à sua carreira, como "Trono Manchado de Sangue",
de Akira Kurosawa.
Se foi ao Maracanã, McCain pode
ter visto o time do Botafogo que se
sagraria campeão naquele ano, vencendo por 6 a 2 o Fluminense. E o
Botafogo de 57 tinha Nilton Santos,
Garrincha, Didi e Quarentinha e era
dirigido por João Saldanha.
Talvez o amor brasileiro de
McCain tenha lamentado sua partida, cantarolando uma canção lançada naquele ano -"A Flor e o Espinho", de Guilherme de Brito, Nelson Cavaquinho e Alcides Caminha-, com versos que já foram eleitos os mais bonitos da MPB: "Tire
seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor".
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