São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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PLÍNIO FRAGA

A namorada do marinheiro só

RIO DE JANEIRO - Em 1957, o Sputnik e a cadela Laika foram lançados ao espaço, e os soviéticos saíram na frente da corrida espacial contra os americanos. A África fervilhava com a independência de Gana. Mas o jovem marinheiro John McCain não estava preocupado com isso. Acabara de desembarcar no Rio, após se formar na Academia Naval dos EUA.
Em seu livro de memórias, disse ter vivido, nesse ano, nove dias de paixão com uma brasileira que dirigia uma Mercedes, a quem teria conhecido numa festa no morro da Urca. Ninguém sabe ao certo quem ela é, mas surgiu candidata até em Magé. Quem viveu 1957 acha mal contada essa história da Mercedes.
Pelo que mostram as gazetas de 1957, aquele verão tinha tudo para ficar na história. Uma comissão municipal discutia os modelos de banho que seriam permitidos nas praias e liberou a exibição do tronco nu para os homens.
O hoje candidato a presidente levou a namorada ao cinema? As opções de lançamentos de 1957 eram excelentes. Um enamorado deveria optar por "Morangos Silvestres", de Ingmar Bergman, mas o marinheiro McCain poderia ter escolhido títulos mais afeitos à sua carreira, como "Trono Manchado de Sangue", de Akira Kurosawa.
Se foi ao Maracanã, McCain pode ter visto o time do Botafogo que se sagraria campeão naquele ano, vencendo por 6 a 2 o Fluminense. E o Botafogo de 57 tinha Nilton Santos, Garrincha, Didi e Quarentinha e era dirigido por João Saldanha.
Talvez o amor brasileiro de McCain tenha lamentado sua partida, cantarolando uma canção lançada naquele ano -"A Flor e o Espinho", de Guilherme de Brito, Nelson Cavaquinho e Alcides Caminha-, com versos que já foram eleitos os mais bonitos da MPB: "Tire seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor".


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