São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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VAGUINALDO MARINHEIRO

Xangai e São Paulo

SÃO PAULO - Xangai, no leste da China, é uma cidade de 18 milhões de habitantes que em alguns aspectos lembra São Paulo: o trânsito é caótico e está pior por causa das obras de reurbanização para a Expo 2010; alguns de seus "minhocões" passam ainda mais perto das janelas de apartamentos; e sua principal rua de compras, a Nanjing road, um calçadão onde ambulantes oferecem de tudo (incluindo mulheres e drogas), nos remete imediatamente à Barão de Itapetininga, no centro.
Mas as semelhanças param por aí porque Xangai pensa no futuro e enfatiza o planejamento urbano.
Enquanto nós gastamos anos e anos nas discussões de planos diretores que nunca são levados a sério, os chineses têm tudo definido: do bairro que terá incentivos para virar um novo centro financeiro às novas áreas verdes.
Mas o planejamento principal está no transporte. Xangai sabe, como São Paulo deveria saber, que não avançará sem resolver seu trânsito.
Para isso, já estão definidos novos túneis sobre o rio Huangpu, que divide a cidade, e principalmente os investimentos no metrô.
Xangai tem 200 km de linhas.
Prevê, para 2020, 800 km. Repito: oi-to-cen-tos! Será a cidade com a maior rede de metrô do mundo.
E São Paulo? Nosso Metrô foi inaugurado em 1974. Levamos inacreditáveis 35 anos para chegar a apenas 61 km.
Questionada, a Companhia do Metropolitano de São Paulo afirmou que em 2020 terá 142 km de metrô tradicional mais 95 km de VLT (veículos leves sobre trilhos), totalizando 237 km.
Temos até razões para desconfiar de alguns dados fornecidos pelos governos chineses, mas quando o assunto é construção de infraestrutura, eles não brincam em serviço e cumprem prazos.
Já em São Paulo... Com nosso histórico, dá para acreditar nesses 237 km de metrô em 2020?

vmarinheiro@uol.com.br

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