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ELIANE CANTANHÊDE
Paulada na imprensa
BRASÍLIA - De Luiz Inácio Lula da
Silva, o presidente com 80% de popularidade: "Nós não precisamos
de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública!".
Vale tratados de sociologia, história, política, comunicação e psicologia, mas o espaço aqui só é suficiente para reconhecer que ele tem
razão, depois da política desenfreada de ocupação da informação e da
mídia exercida pelo governo.
O Planalto usa a TV pública ilegalmente na campanha de Dilma,
tem blog sem autoria para disseminar o que quer e planta em rádios e
jornais do interior peças de propaganda travestidas de noticiário.
Tem mais: o BB, a CEF e a Petrobras fazem campanha subliminar
pró-Lula e pró-Dilma na TV, e a imprensa regional está dominada pela publicidade federal. Sem contar
o incomensurável espaço que Lula
teve na mídia nestes oito anos, falando o que bem entendia, contra
ou a favor do que bem queria.
O resultado é que Lula é a opinião pública mesmo. E como não
haveria de ser? Não importa a barbaridade que diga, a sua verdade se
dissemina como verdade nacional.
Os fatos? Danem-se os fatos, o que
vale é a versão de Lula.
Não satisfeito, ele e agora Dilma
agridem ao vivo o derradeiro bastião democrático de crítica, provocação e cobrança -a imprensa. Lula bufando, de um lado para o outro
num palanque em Campinas, e Dilma estrebuchando no Rio, dispensando até a barreira de microfones
que vem usando na campanha.
Mais pareciam derrotados, e os
marqueteiros devem estar furibundos. Um trabalhão danado para
produzir a candidata, e a maquiagem borrou. Dilma como ela é.
Tudo porque foi a imprensa livre
que expôs aos brasileiros um centro
de corrupção justamente na Casa
Civil, onde foi construída a candidata Dilma e fabricado o inexplicável poder de uma tal Erenice.
Pensando bem, Lula e Dilma têm
razão: a imprensa incomoda muito,
tanto quanto a verdade dói.
elianec@uol.com.br
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