O segundo turno da eleição para o governo do Estado de São Paulo, até agora, não se tornou um decalque do que ocorre na disputa presidencial. Nos dois casos, um candidato do PSDB disputa contra um do PT. Se na corrida pelo Planalto o petista Luiz Inácio Lula da Silva ampliou sua vantagem, que já era grande, sobre José Serra, no embate estadual é o tucano Geraldo Alckmin que se distancia de José Genoino. De acordo com o Datafolha, subiu quatro pontos a diferença entre os dois, que era, na semana passada, de oito pontos percentuais, favoráveis ao governador do PSDB.
Alckmin e Genoino vêm travando um embate em que, enquanto o primeiro evita "federalizar" a disputa, o segundo faz de tudo para se vincular a Lula. Em termos de mensagem, Alckmin procura passar a imagem de um administrador competente, que conhece os dados de seu governo nos detalhes e que, portanto, estaria em melhores condições técnicas e gerenciais de comandar o Estado nos próximos quatro anos.
José Genoino, a julgar pelos dois debates da semana passada, parece ter dificuldade em encontrar um discurso que abale o seu adversário. Em alguns momentos, tenta disputar com Alckmin no terreno do preparo técnico e gerencial. Em outros, agarra-se à idéia genérica da "mudança" que ele representaria em consonância com Lula no plano federal.
Talvez, no entanto, as diferenças de estratégia entre as campanhas não bastem para explicar o aparente descolamento, até aqui, entre a disputa estadual e a federal. Pode-se indagar se, ao contrário do que parece, a disputa estadual esteja, de fato, sendo federalizada, mas de uma outra maneira. Vislumbrando o PT próximo de conquistar a Presidência da República, eleitores paulistas podem estar optando por um voto, para o governo do Estado, que não torne a correlação de forças tão desequilibrada em favor dos petistas: um voto de compensação, como costuma ocorrer, por exemplo, na democracia norte-americana.
É evidente que se trata apenas de uma hipótese, que só poderá ser verificada depois do pleito de domingo.



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