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PROBLEMAS NO HAITI
É difícil crer que o recrudescimento da violência no Haiti
não fosse uma possibilidade levada
em conta pelo governo brasileiro e
pelo Congresso Nacional quando se
dispuseram a ceder tropas para uma
missão de paz da ONU naquele país.
Parece óbvio que ao enviar 1.200 militares e aceitar o comando da missão,
as autoridades tenham concluído
que, apesar de potenciais reveses, a
participação poderia ser útil aos haitianos, além de resultar em maior
prestígio internacional para Brasília.
Agora que dificuldades começam a
aparecer, elevam-se vozes para criticar a presença brasileira. Ora, é preciso ter em mente que o Brasil não
interveio no Haiti. Trata-se de uma
tropa sob bandeira da ONU, que não
se destina a resolver os gravíssimos
problemas locais, mas a manter um
mínimo de ordem em meio ao caos
que, mais uma vez, ameaça o país.
Fossem militares de outra procedência, a situação seria a mesma.
Por enquanto, cabe ao Brasil e à comunidade internacional procurar
avançar na busca de soluções mais
duradouras. Do ponto de vista da
força militar, é fundamental que os
mais de 3.000 homens prometidos
por outras nações sejam o quanto
antes deslocados para o Haiti.
O agravamento das condições locais, com partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide reorganizando-se para exigir sua volta, tende,
sem dúvida, a aumentar os riscos.
O que esse cenário reforça é a importância de que não se desperdice
mais uma oportunidade de criar o
embrião de um Estado viável na ex-colônia francesa. O Itamaraty deve
pressionar os países ricos, particularmente os EUA e a França, a elaborar e financiar um plano de recuperação econômica para o Haiti que ofereça perspectivas concretas.
Caso contrário, o país continuará a
ser um foco de instabilidade e a participação brasileira estará fadada a tornar-se mais uma missão de emergência com resultados frustrantes.
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