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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Energéticos: desperta, Brasil!
HÁ UM ANO , os especialistas
em energia prognosticaram
que o barril de petróleo poderia chegar a US$ 100. Poucos
acreditaram. Pois bem. Na semana
que passou, o barril foi negociado
em Nova York e em Londres perto
da casa dos US$ 90. E, com o andar
da carruagem da economia e da política internacional, tudo indica
que chegaremos mesmo aos fatídicos US$ 100.
Do lado econômico, a China continua sendo a principal responsável pelo forte aquecimento da demanda por energia. Do lado político, além das ameaças do Irã, temos
agora a decisão do Parlamento da
Turquia que autorizou seu Exército a invadir o Iraque para caçar rebeldes curdos, aumentando a intranqüilidade atual. Tudo isso puxou o preço para cima.
O mundo corre o risco de passar
da competição para o conflito por
causa de energéticos. Petróleo e
eletricidade são os elementos mais
críticos para propelir e manter o
crescimento -sem falar na água, é
claro. Nunca a paz e a economia do
planeta dependeram tanto dos recursos naturais como nos dias de
hoje.
Para o Brasil sobram duas lições.
A primeira gera otimismo, pois os
crescimentos da China e da economia mundial abrem oportunidades
para exportarmos as commodities
e os manufaturados de que aquele
país precisa. A segunda gera preocupações na medida em que vemos
os programas de energia muito
atrasados, em particular os de eletricidade.
Temos água em abundância, temos projetos para transformá-la
em eletricidade, mas não temos as
autorizações e os incentivos apropriados para investir nesse campo.
Isso é grave, especialmente nesta
quadra em que a economia brasileira vai de vento em popa e que o
mundo mostra incertezas no preço
dos energéticos.
Cerca de 90% da eletricidade
produzida no Brasil tem origem hídrica. Mas, para crescer, precisamos adicionar a cada ano 5.000
megawatts de capacidade instalada. Para tanto, o país precisa investir cerca de R$ 20 bilhões por ano,
lembrando que a própria aceleração do crescimento elevará esses
números para níveis ainda mais
altos.
Não há como crescer sem energia, em especial, sem eletricidade.
Precisamos começar urgentemente as obras das usinas geradoras e
das linhas de transmissão de energia elétrica.
Agora que saímos do marasmo
em relação à privatização das rodovias, é hora de autorizarmos de
uma vez por todas a construção de
inúmeras usinas elétricas que estão projetadas e até financiadas há
mais de cinco anos.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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