São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Energéticos: desperta, Brasil!

HÁ UM ANO , os especialistas em energia prognosticaram que o barril de petróleo poderia chegar a US$ 100. Poucos acreditaram. Pois bem. Na semana que passou, o barril foi negociado em Nova York e em Londres perto da casa dos US$ 90. E, com o andar da carruagem da economia e da política internacional, tudo indica que chegaremos mesmo aos fatídicos US$ 100.
Do lado econômico, a China continua sendo a principal responsável pelo forte aquecimento da demanda por energia. Do lado político, além das ameaças do Irã, temos agora a decisão do Parlamento da Turquia que autorizou seu Exército a invadir o Iraque para caçar rebeldes curdos, aumentando a intranqüilidade atual. Tudo isso puxou o preço para cima.
O mundo corre o risco de passar da competição para o conflito por causa de energéticos. Petróleo e eletricidade são os elementos mais críticos para propelir e manter o crescimento -sem falar na água, é claro. Nunca a paz e a economia do planeta dependeram tanto dos recursos naturais como nos dias de hoje. Para o Brasil sobram duas lições.
A primeira gera otimismo, pois os crescimentos da China e da economia mundial abrem oportunidades para exportarmos as commodities e os manufaturados de que aquele país precisa. A segunda gera preocupações na medida em que vemos os programas de energia muito atrasados, em particular os de eletricidade.
Temos água em abundância, temos projetos para transformá-la em eletricidade, mas não temos as autorizações e os incentivos apropriados para investir nesse campo.
Isso é grave, especialmente nesta quadra em que a economia brasileira vai de vento em popa e que o mundo mostra incertezas no preço dos energéticos.
Cerca de 90% da eletricidade produzida no Brasil tem origem hídrica. Mas, para crescer, precisamos adicionar a cada ano 5.000 megawatts de capacidade instalada. Para tanto, o país precisa investir cerca de R$ 20 bilhões por ano, lembrando que a própria aceleração do crescimento elevará esses números para níveis ainda mais altos.
Não há como crescer sem energia, em especial, sem eletricidade. Precisamos começar urgentemente as obras das usinas geradoras e das linhas de transmissão de energia elétrica.
Agora que saímos do marasmo em relação à privatização das rodovias, é hora de autorizarmos de uma vez por todas a construção de inúmeras usinas elétricas que estão projetadas e até financiadas há mais de cinco anos.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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