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Ofertório eleitoral
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra,
nunca comungou com os tucanos
ortodoxos que conduziam a economia no governo FHC. Na campanha de 2002, porém, jurou sobre o cânone de responsabilidade
fiscal do cardinalato do Plano
Real, em nome da continuidade.
Agora, pela mesma razão, mostra-se pronto a abjurar o credo com
ímpetos de iconoclasta.
Multiplicam-se as promessas de
aspecto populista na campanha
tucana. O Bolsa Família se estenderia a mais 15 milhões de famílias
(hoje são 13 milhões) e contemplaria idosos e mais vulneráveis com
um 13º benefício mensal.
O salário mínimo subirá para
R$ 600 já no ano que vem. Pensões e aposentadorias do INSS terão aumento de 10%.
A motivação eleitoral parece
óbvia. Serra enfrenta o desafio de
concorrer com a candidata petista, Dilma Rousseff, ungida pela
popularidade inédita de um presidente que, em oito anos, de fato
logrou transferir renda para as camadas mais pobres e incluir milhões no mercado. Além disso, a
candidata não faz por menos: promete simplesmente erradicar a
miséria do país.
O tucano optou por apresentar-se como continuador e amplificador pragmático das políticas sociais do lulismo. Pouco importa de
onde sairá o dinheiro. São R$ 46,2
bilhões adicionais já em 2011, como demonstrou ontem reportagem nesta Folha: R$ 17,1 bilhões
para o mínimo, R$ 15,4 bilhões para aposentadorias e R$ 13,7 bilhões para Bolsa Família.
Ora, isso representa uma vez e
meia tudo o que a União investiu
em infraestrutura -estradas, portos, aeroportos e outras obras do
PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento)- em 2009. Ou, em
outros números, 2,5% do orçamento federal para este ano.
Trata-se de comprometer fatias
crescentes da receita com medidas que podem retirar capacidade
de investimento do Estado e pressionar as finanças públicas. Não é
o que se espera de um político como Serra, que em sua vida pública
tem se comprometido com o desenvolvimento e a responsabilidade fiscal.
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