São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2010

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KENNETH MAXWELL

Perdendo a narrativa

As eleições de meio de mandato presidencial dos Estados Unidos são um espetáculo embaraçoso. Causariam rubores até a Tiririca.
O problema fundamental para o presidente Barack Obama e os democratas é que eles perderam a narrativa. No entanto, seus oponentes se tornam mais estranhos a cada minuto. A mídia noticiosa, as redes de TV a cabo e os blogs estão se divertindo em encontrar e veicular as mais bizarras declarações e contorções da safra atual de antagonistas políticos.
O pobre Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, está enfrentando Sharon Angle, uma das favoritas do movimento Tea Party, em Nevada. O senador Reid não é o mais carismático ou o mais dinâmico dos oradores. Mas Sharon Angle é estranha, para dizer o mínimo.
Oponente ruidosa da imigração, sua mais recente declaração foi dizer a estudantes hispânicos -e os hispânicos formam um bloco eleitoral importante em Nevada- que alguns deles parecem asiáticos. "Não tenho certeza de que sejam todos latinos. Alguns de vocês me parecem mais asiáticos", disse.
No Kentucky, Rand Paul, outro dos favoritos do Tea Party, subiu ao palco em debate com Jim Conway, seu adversário democrata, e recusou apertar sua mão. Conway, que é secretário estadual da Justiça no Estado, havia acusado Paul de participar de um grupo que zomba do cristianismo e de participar de uma sociedade secreta chamada irmandade NoZe, quando aluno da Universidade Baylor.
Segundo Conway, Rand amarrou uma mulher e ordenou que ela louvasse um ídolo chamado "Acqua Buddha". Rand é cristão e "pró-vida".
Enquanto isso, em Ohio, outro Estado decisivo, no qual Obama se vê na defensiva, Rich Ioff, candidato republicano à Câmara com o apoio do Tea Party, foi denunciado por usar uniforme nazista. Ele aparentemente participa de um grupo que recria cenas de história militar, uma atividade comum nos Estados Unidos.
Em geral, isso envolve recriar batalhas da Guerra Civil norte-americana. Já as recriações de que Ioff participa, porém, envolvem a 5ª Divisão Panzer SS; ele participava com o pseudônimo de Reinhard Pferdmann. "Acusações desprezíveis", foi sua reação quando a história conquistou atenção nacional.
Será que algumas dessas coisas importa? Diante de uma recuperação econômica hesitante, da guerra continuada no Afeganistão e do alto desemprego, certamente sim. Obama já entrou fortemente nas campanhas, tentando recuperar o perdido sentido de esperança. Mas agora ele é acompanhado por Michelle, sua esposa, muito mais popular do que ele.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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