São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais editoriais@uol.com.br Juros mais baixos Ao reduzir os juros básicos da economia em meio ponto percentual, para 11,5%, o Banco Central agiu de acordo com o esperado. Na reunião anterior, em agosto, a autoridade monetária tinha surpreendido ao reduzir a taxa Selic, o que contrariou expectativas de bancos e consultorias e lhe valeu uma saraivada de críticas. Desde então, a deterioração do cenário econômico global, prevista pelo BC e invocada como justificativa para dar início a um ciclo de corte de juros, tem se confirmado. Não restam dúvidas de que a economia mundial entra de novo em desaceleração, com risco de recessão em grande parte do mundo desenvolvido. Isso levou alguns analistas a prever, até, um corte mais agressivo dos juros na reunião de anteontem. Para esses especialistas, a decisão do BC foi moderada. Mas à luz do que ocorre em outros países emergentes, que se defrontam com dilema parecido ao brasileiro -conter índices incômodos de inflação e, ao mesmo tempo, evitar a queda acentuada da atividade-, o BC brasileiro continua agindo de forma ousada. O enfraquecimento das economias desenvolvidas já começou a afetar os países emergentes. Como muitos ainda lutam contra pressões inflacionárias, têm adotado política cautelosa. Reportagem publicada nesta Folha mostrou que apenas quatro países -incluindo o Brasil-, entre 27 que seguem o regime de metas de inflação, reduziram os juros nos últimos dois meses. Embora experimental, a ousadia do BC brasileiro é bem-vinda. O país continua líder no ranking de juros mais altos do mundo. A atual diretriz, contudo, precisa ser acompanhada com minúcia -em especial quando o risco é a alta da inflação, num país ainda acostumado a olhar pelo retrovisor quando o assunto é reajuste de preços. As recentes greves por aumento salarial de expressivas categorias profissionais dão a dimensão do desafio do BC. Todos querem ganhar além da inflação passada, o que alimenta novos ciclos de reajustes, que por sua vez pressionam os preços. Além disso, embora a inflação dê sinais de que começa a recuar, há percalços pelo caminho, como o efeito que o reajuste vitaminado do salário mínimo, de 14%, terá sobre o consumo em 2012. O BC deve preparar-se para rever seu curso de ação com a mesma disposição demonstrada até aqui, caso a inflação se desvie da esperada trajetória de queda. Texto Anterior: Editoriais: O fim do ditador Próximo Texto: São Paulo - Hélio Schwartsman: Combinação mortal Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |