São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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MERCADO CAMBIAL

Diante da perspectiva de contínua valorização da moeda brasileira, o Banco Central retomou as compras de dólar no mercado de derivativos financeiros, vendendo contratos no valor de US$ 404 milhões. As compras de moeda no mercado à vista realizadas anteriormente pouco efeito tiveram sobre a valorização do real. Desde outubro, o BC comprou pelo menos US$ 5 bilhões, sem conseguir conter a tendência da taxa câmbio -que é fruto de fatores que vão da geração de altos superávits comerciais à elevada taxa de juros.
Embora seja auspicioso que as autoridades monetárias se revelem preocupadas com a expressiva valorização da moeda brasileira (em torno de 20% durante o ano), essas operações com derivativos parecem pouco vantajosas e podem representar custos relativamente altos para os cofres públicos. Os papéis devem pagar aos investidores remuneração entre 15,6% e 17% referentes à valorização cambial, além dos juros do período.
Diante desse quadro, parece mais adequado acelerar a queda dos juros, investir na aquisição de reservas no mercado à vista e adotar outras medidas, de caráter tributário, que pudessem ajudar a regular a atuação dos capitais especulativos, muito intensa no atual cenário mundial.
Com efeito, a elevada liquidez internacional e as baixas taxas de juros nas principais economias têm fomentado as chamadas operações de "carry trade". São transações em que os investidores captam recursos a taxas de juros de curto prazo, em torno de 4% ao ano, para aplicar em ativos tidos como de risco e que, por isso mesmo, oferecem elevado retorno, como os títulos brasileiros, que pagam juros de 19% ao ano. Os investidores ganham com a diferença entre as taxas de juros e também com a possibilidade de valorização do real.
As operações na Bolsa de Mercadorias & Futuros que apostam na valorização da moeda brasileira giram hoje em torno de US$ 50 bilhões -um volume muito alto e pouco sensível às ações do BC.


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