|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO CAMBIAL
Diante da perspectiva de contínua valorização da moeda brasileira, o Banco Central retomou as
compras de dólar no mercado de derivativos financeiros, vendendo contratos no valor de US$ 404 milhões.
As compras de moeda no mercado à
vista realizadas anteriormente pouco
efeito tiveram sobre a valorização do
real. Desde outubro, o BC comprou
pelo menos US$ 5 bilhões, sem conseguir conter a tendência da taxa
câmbio -que é fruto de fatores que
vão da geração de altos superávits comerciais à elevada taxa de juros.
Embora seja auspicioso que as autoridades monetárias se revelem
preocupadas com a expressiva valorização da moeda brasileira (em torno de 20% durante o ano), essas operações com derivativos parecem pouco vantajosas e podem representar
custos relativamente altos para os cofres públicos. Os papéis devem pagar
aos investidores remuneração entre
15,6% e 17% referentes à valorização
cambial, além dos juros do período.
Diante desse quadro, parece mais
adequado acelerar a queda dos juros,
investir na aquisição de reservas no
mercado à vista e adotar outras medidas, de caráter tributário, que pudessem ajudar a regular a atuação dos
capitais especulativos, muito intensa
no atual cenário mundial.
Com efeito, a elevada liquidez internacional e as baixas taxas de juros
nas principais economias têm fomentado as chamadas operações de
"carry trade". São transações em que
os investidores captam recursos a taxas de juros de curto prazo, em torno
de 4% ao ano, para aplicar em ativos
tidos como de risco e que, por isso
mesmo, oferecem elevado retorno,
como os títulos brasileiros, que pagam juros de 19% ao ano. Os investidores ganham com a diferença entre
as taxas de juros e também com a
possibilidade de valorização do real.
As operações na Bolsa de Mercadorias & Futuros que apostam na valorização da moeda brasileira giram
hoje em torno de US$ 50 bilhões
-um volume muito alto e pouco
sensível às ações do BC.
Texto Anterior: Editoriais: RAÇA E PRECONCEITO Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Uma discussão burríssima Índice
|