São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Reencontro com o espelho

CARTAGENA - Foi-se o tempo em que reuniões de jornalistas latino-americanos -quando ocorriam...- viravam um mar de lamentações. Jornalistas estaremos sempre prontos a botar defeito em tudo, mas há um evidente otimismo entre equatorianos, colombianos, chilenos, argentinos... E, claro, brasileiros.
No Equador, acabou-se a era em que os presidentes caíam às pencas. Na Colômbia, Santos é o homem certo na hora certa contra a guerrilha. Na Bolívia, os indígenas se reconhecem em Evo Morales. Na Argentina, as coisas vão se acertando. E o Brasil é a estrela mundial.
Há uma lista de avanços, a partir da busca da identidade perdida ao longo de décadas de dependência. A América do Sul decidiu cuidar de suas jabuticabas, e Obama tem seus abacaxis para descascar.
Daí a um processo de integração que começa pelo zelo à democracia. Nenhum alucinado pode mais sair dando golpes de Estado nem invadindo o país alheio para explodir terroristas impunemente.
Se a autoestima está em alta, ainda há muito a fazer, principalmente no combate à desigualdade. O governo Lula tornou-se referência ao resgatar 27 milhões de miseráveis, ok, mas faltam 30 milhões (considerando-se R$ 140 mensais per capita. Com um teto mais realista, o universo será bem maior).
Há ainda a lentidão na consolidação da Unasul e do Conselho de Defesa, e a integração física é uma piada. De Brasília a Cartagena, na Colômbia, são três voos e umas 15 horas na ida e na volta.
Além disso, não dá para soltar fogos se um dos jornalistas e sua família -colombianos, claro- só andam, há dez anos, em carro blindado, com motorista e seguranças. O que remete à violência urbana que grassa na região inteira.
São entraves, sim, mas a região começa a pensar (ou a sonhar) grande. Quer entrar no mapa internacional, influir em comércio, em finanças e na complexa área de paz e segurança. E o Brasil é seu representante mais do que natural.


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