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ELIANE CANTANHÊDE
Reencontro com o espelho
CARTAGENA - Foi-se o tempo em
que reuniões de jornalistas latino-americanos -quando ocorriam...-
viravam um mar de lamentações.
Jornalistas estaremos sempre prontos a botar defeito em tudo, mas há
um evidente otimismo entre equatorianos, colombianos, chilenos,
argentinos... E, claro, brasileiros.
No Equador, acabou-se a era em
que os presidentes caíam às pencas. Na Colômbia, Santos é o homem certo na hora certa contra a
guerrilha. Na Bolívia, os indígenas
se reconhecem em Evo Morales. Na
Argentina, as coisas vão se acertando. E o Brasil é a estrela mundial.
Há uma lista de avanços, a partir
da busca da identidade perdida ao
longo de décadas de dependência.
A América do Sul decidiu cuidar de
suas jabuticabas, e Obama tem
seus abacaxis para descascar.
Daí a um processo de integração
que começa pelo zelo à democracia. Nenhum alucinado pode mais
sair dando golpes de Estado nem
invadindo o país alheio para explodir terroristas impunemente.
Se a autoestima está em alta, ainda há muito a fazer, principalmente
no combate à desigualdade. O governo Lula tornou-se referência ao
resgatar 27 milhões de miseráveis,
ok, mas faltam 30 milhões (considerando-se R$ 140 mensais per capita. Com um teto mais realista, o
universo será bem maior).
Há ainda a lentidão na consolidação da Unasul e do Conselho de
Defesa, e a integração física é uma
piada. De Brasília a Cartagena, na
Colômbia, são três voos e umas 15
horas na ida e na volta.
Além disso, não dá para soltar fogos se um dos jornalistas e sua família -colombianos, claro- só andam, há dez anos, em carro blindado, com motorista e seguranças. O
que remete à violência urbana que
grassa na região inteira.
São entraves, sim, mas a região
começa a pensar (ou a sonhar)
grande. Quer entrar no mapa internacional, influir em comércio, em
finanças e na complexa área de paz
e segurança. E o Brasil é seu representante mais do que natural.
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