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DÚVIDA NA BASE
O fracasso dos entendimentos entre PT e PMDB para que
esta legenda participasse do ministério de Luiz Inácio Lula da Silva tem
um significado evidente: a consolidação de uma base parlamentar minimamente confortável para o futuro
governo permanece uma questão em
aberto. O assunto, fundamental para
a "governabilidade", fica na dependência de negociações e processos
de cooptação bem mais pontuais,
cujo resultado final é incerto.
A peculiaridade das tratativas entre
a cúpula petista e a peemedebista remonta ao fato de que esta última é
aliada de longa data da coalizão que
sustentava Fernando Henrique Cardoso, tendo inclusive indicado a candidata a vice-presidente da República
na chapa do tucano José Serra. A fatia
do PMDB que apoiou Lula nas eleições não detém poder na legenda.
Desde o início das conversas entre PT
e PMDB, a necessidade de tentar
agradar às duas alas peemedebistas
se impôs como um complicador, o
qual, ao final, não foi contornado.
O risco da cúpula do PMDB é o de
ver seu poder progressivamente esvaziado uma vez perdida a capacidade de fazer nomeações e manejar orçamentos no Executivo. Comparativamente a PSDB e PFL, o PMDB é
uma legenda muito menos coesa.
Vale lembrar que é esperada para o
início do ano uma migração parlamentar para legendas governistas.
Já o risco da cúpula petista é o de
transformar a tarefa de construir
maioria parlamentar num renitente
balcão de negociações "de varejo" e
de, assim, transmitir ao público uma
sensação de fraqueza.
É possível que tucanos e pefelistas
formem um bloco de oposição ao
governo Lula no Legislativo. Nessa
hipótese, vão tentar cooptar peemedebistas para aumentar seu poder de
barganha e fortalecer seu projeto de
retomada da Presidência em 2006.
No pólo oposto estará o poder do
Executivo federal, que tradicionalmente tem prevalecido sobre o oposicionismo. O início de 2003 será decisivo para saber o resultado dessa
disputa, que determinará as reais
condições de governo para Lula.
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