São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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EMÍLIO ODEBRECHT

O futuro dia a dia

ESCREVO, HOJE, partindo do pressuposto de que todos nós, brasileiros, temos uma causa comum: a construção de um país mais cidadão, igualitário e produtivo, no qual as gerações futuras possam ter uma vida melhor. É da garantia do futuro que se trata quando se fala em sustentabilidade, palavra importante e tão em voga que corre o risco de se banalizar.
O futuro se faz todos os dias, num processo permanente. Uma tarefa e tanto, considerando as ameaças de aquecimento atmosférico e desequilíbrio ambiental, a especulação financeira, a desaceleração no crescimento e o quadro geral de incertezas.
É certo que esses problemas não afetam apenas o nosso país, mas é dele que desejo falar. No ano passado, o Brasil entrou para o clube das nações consideradas "grau de investimento", uma espécie de certificado de confiabilidade para os investidores internacionais. A conquista decorreu do crescimento, da solidez e da estabilidade econômica, social e institucional, e foi neste fato que busquei inspiração para pensar em um novo desafio: obtermos o "grau de sustentabilidade".
Considero um desafio, porque em menos de dez anos mais da metade da população mundial viverá em áreas urbanas, e nossas metrópoles mostram-se cada vez mais insustentáveis. Há previsões de que daqui a 15 anos dois terços da população mundial sofrerão os efeitos da escassez de água, situação que tende a se agravar pela continuada poluição de rios, lagos e lençóis freáticos.
São apenas dois exemplos, e o que chamo de "grau de sustentabilidade" é uma metáfora, mas pode ser uma idéia mobilizadora de governos, empresas e sociedade, que têm perante o tema suas respectivas responsabilidades. Quanto ao papel dos empresários, as experiências vividas me ensinaram que nada é mais eficaz que a inserção compromissada das equipes das empresas na realidade dos países e regiões em que estão presentes.
Desse modo é possível para uma empresa exercer o papel de indutora do desenvolvimento local sustentável, participando ativamente da busca de soluções que sirvam para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Na prática, isso configura uma ação empresarial geradora de riquezas, ancorada em crescimento econômico; preservação ambiental, mediante o uso de tecnologias limpas e parcimônia no emprego de recursos naturais; desenvolvimento social; participação na formulação de políticas públicas e valorização da diversidade cultural -que são as cinco dimensões da sustentabilidade.
Aproveito para desejar Feliz Natal a todos os leitores desta Folha.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna três domingos por mês.


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