|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMÍLIO ODEBRECHT
O futuro
dia a dia
ESCREVO, HOJE, partindo do
pressuposto de que todos nós,
brasileiros, temos uma causa
comum: a construção de um país
mais cidadão, igualitário e produtivo, no qual as gerações futuras possam ter uma vida melhor.
É da garantia do futuro que se
trata quando se fala em sustentabilidade, palavra importante e tão
em voga que corre o risco de se
banalizar.
O futuro se faz todos os dias,
num processo permanente. Uma
tarefa e tanto, considerando as
ameaças de aquecimento atmosférico e desequilíbrio ambiental, a
especulação financeira, a desaceleração no crescimento e o quadro
geral de incertezas.
É certo que esses problemas não
afetam apenas o nosso país, mas é
dele que desejo falar.
No ano passado, o Brasil entrou
para o clube das nações consideradas "grau de investimento", uma
espécie de certificado de confiabilidade para os investidores internacionais. A conquista decorreu do
crescimento, da solidez e da estabilidade econômica, social e institucional, e foi neste fato que busquei
inspiração para pensar em um novo desafio: obtermos o "grau de
sustentabilidade".
Considero um desafio, porque
em menos de dez anos mais da metade da população mundial viverá
em áreas urbanas, e nossas metrópoles mostram-se cada vez mais
insustentáveis. Há previsões de
que daqui a 15 anos dois terços da
população mundial sofrerão os
efeitos da escassez de água, situação que tende a se agravar pela
continuada poluição de rios, lagos e
lençóis freáticos.
São apenas dois exemplos, e o
que chamo de "grau de sustentabilidade" é uma metáfora, mas pode
ser uma idéia mobilizadora de governos, empresas e sociedade, que
têm perante o tema suas respectivas responsabilidades.
Quanto ao papel dos empresários, as experiências vividas me ensinaram que nada é mais eficaz que
a inserção compromissada das
equipes das empresas na realidade
dos países e regiões em que estão
presentes.
Desse modo é possível para uma
empresa exercer o papel de indutora do desenvolvimento local sustentável, participando ativamente
da busca de soluções que sirvam
para melhorar a qualidade de vida
das pessoas.
Na prática, isso configura uma
ação empresarial geradora de riquezas, ancorada em crescimento
econômico; preservação ambiental, mediante o uso de tecnologias
limpas e parcimônia no emprego
de recursos naturais; desenvolvimento social; participação na formulação de políticas públicas e valorização da diversidade cultural
-que são as cinco dimensões da
sustentabilidade.
Aproveito para desejar Feliz Natal a todos os leitores desta Folha.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna três
domingos por mês.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O algodão em Melbourne Próximo Texto: Frases
Índice
|