São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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EXCESSO DE CAUTELA

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) foi mais conservador do que o próprio mercado esperava e manteve a taxa básica de juros em 16,5%. A autoridade monetária evidencia, assim, não ter-se sensibilizado com os argumentos de que era possível não apenas manter a trajetória de queda como seria desejável aprofundá-la.
Em sua estratégia conservadora e cautelosa, o BC parece temer pressões de preços e acreditar que há riscos para o cumprimento da meta de inflação estabelecida para este ano -de 5,5%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais.
Muito se tem discutido acerca de qual seria o ponto de equilíbrio para os juros no Brasil -sem que haja consenso a respeito, mesmo porque o atual arcabouço da economia brasileira é relativamente recente. O regime de câmbio flutuante, o sistema de metas de inflação e a busca de objetivos para superávits primários das contas públicas datam de 1999.
Paralelamente às especulações sobre qual seria esse patamar de equilíbrio, há uma discussão relativa às metas de inflação. Se temos um Banco Central cuja principal missão é perseguir essas metas com base em juros, pouco atendo-se às questões relativas ao crescimento e ao emprego, é preciso que os objetivos inflacionários toleráveis sejam compatíveis com a expansão da economia, especialmente quando se sabe que a inflação no país está fortemente influenciada por tarifas públicas e pelas variações do câmbio. Caso contrário, ao que parece, a ambição das autoridades não será mais promover o crescimento, mas apenas obter baixos índices de inflação ao custo de juros e desemprego altos.
Ou seja, o sistema de metas de inflação não pode deixar de levar em conta a expansão da atividade produtiva, do investimento e do emprego. Não se trata, obviamente, de ser condescendente com processos inflacionários, o que é inaceitável. É preciso, porém, na busca desse equilíbrio, observar não apenas baixas metas de inflação, mas igualmente a imperiosa necessidade de o país crescer.


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