São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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COMPETIR E EMPREGAR

No período que vai de 1990 a 2001, teve lugar um intenso processo de transformações econômicas no país, desencadeado pela abertura comercial e financeira. Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) procurou identificar os impactos de tais mudanças no mercado de trabalho e na produtividade.
Nesses anos, a expansão da demanda doméstica e das exportações geraram 15,5 milhões de postos de trabalho, enquanto as mudanças tecnológicas e as importações eliminaram 12,3 milhões. Com isso, a economia brasileira gerou apenas 3,2 milhões de novas vagas em 11 anos. A quantia é insuficiente para absorver a população estimada entre 1,5 milhão e 1,8 milhão que entra anualmente no mercado de trabalho.
O setor agropecuário foi o que mais fechou vagas -cerca de 3 milhões. A seguir veio a indústria manufatureira (804,8 mil), liderada pela área têxtil. A contrapartida foi um aumento na produtividade do trabalho: de 5,12% ao ano na agropecuária e de 2,52% na indústria, o que é positivo para a competitividade da produção doméstica tanto no mercado interno como no internacional. O setor de serviços -pessoais, sociais e empresariais- foi o que mais criou vagas no período analisado: foram abertos 4,5 milhões de postos de trabalho.
Esses dados enfatizam o enorme desafio que o país tem pela frente: continuar a modernização da estrutura produtiva, necessária para ampliar a competitividade e, simultaneamente, gerar emprego para absorver os novos trabalhadores. Como a modernização industrial e da agricultura deverá persistir eliminando vagas, políticas criativas de expansão do emprego ganham relevância.
Identificar setores com maior potencial de empregar -como construção civil, saneamento básico e serviços sociais- e inseri-los nas políticas de desenvolvimento é uma das tarefas que se espera do atual governo, que foi eleito prometendo tratar o tema como uma "obsessão".


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