São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Sumiu

DAVOS - O Brasil sumiu do mapa de Davos, a cidadezinha suíça que, todo janeiro, abriga a nata planetária das finanças, da academia, do governo e, mais recentemente, do sindicalismo e até das ONGs.
No ano passado, era a atração quase principal. Veio até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do ministro Antonio Palocci, fresquinhos no cargo e, por isso mesmo, cercados de enorme curiosidade.
Um ano depois, a palavra Brasil nem ao menos foi mencionada no debate sobre economia mundial que se realizou ontem de manhã.
"No news is good news", brincou depois com a Folha o moderador do debate, o jornalista britânico Martin Wolf, principal colunista econômico do jornal "Financial Times". Traduzindo livremente: não estar no noticiário é boa notícia.
Em parte é isso mesmo. O Brasil de janeiro-04 não produz nem o espetáculo do crescimento nem desafia o planeta, como já fez em outras ocasiões. É morno.
Mas há uma outra faceta que convém levar em conta: deixou de ser novidade o fato de um governo em tese de esquerda ter praticado uma política arquiconservadora.
Que o governo Lula faz o mesmo arrozinho com feijão de outros já está no preço, como dizem os economistas. É por isso que começam a surgir cobranças, até nos ortodoxos, a respeito do crescimento.
É cedo ainda para avaliar que desdobramentos terão tais cobranças internacionais sobre o quadro interno. Mas, ao menos por prudência, convém anotá-las.
Mas não é para elevar economistas à categoria de oráculos. Ontem, no citado debate, o moderador perguntou a Stephen Roach (Morgan Stanley), um pessimista já quase folclórico, se concordava ou não com Jacob Frenkel (Merryl Linch), seu antípoda, como otimista inabalável.
"Jacob fala sobre tantos aspectos que, em algum deles, acaba acertando", fulminou Roach, antes de também falar sobre muitos aspectos da economia norte-americana.


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