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CLÓVIS ROSSI
Sumiu
DAVOS - O Brasil sumiu do mapa de Davos, a cidadezinha suíça que, todo
janeiro, abriga a nata planetária das
finanças, da academia, do governo e,
mais recentemente, do sindicalismo e
até das ONGs.
No ano passado, era a atração quase principal. Veio até o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, além do
ministro Antonio Palocci, fresquinhos no cargo e, por isso mesmo, cercados de enorme curiosidade.
Um ano depois, a palavra Brasil
nem ao menos foi mencionada no
debate sobre economia mundial que
se realizou ontem de manhã.
"No news is good news", brincou
depois com a Folha o moderador do
debate, o jornalista britânico Martin
Wolf, principal colunista econômico
do jornal "Financial Times". Traduzindo livremente: não estar no noticiário é boa notícia.
Em parte é isso mesmo. O Brasil de
janeiro-04 não produz nem o espetáculo do crescimento nem desafia o
planeta, como já fez em outras ocasiões. É morno.
Mas há uma outra faceta que convém levar em conta: deixou de ser novidade o fato de um governo em tese
de esquerda ter praticado uma política arquiconservadora.
Que o governo Lula faz o mesmo
arrozinho com feijão de outros já está
no preço, como dizem os economistas. É por isso que começam a surgir
cobranças, até nos ortodoxos, a respeito do crescimento.
É cedo ainda para avaliar que desdobramentos terão tais cobranças internacionais sobre o quadro interno.
Mas, ao menos por prudência, convém anotá-las.
Mas não é para elevar economistas
à categoria de oráculos. Ontem, no
citado debate, o moderador perguntou a Stephen Roach (Morgan Stanley), um pessimista já quase folclórico, se concordava ou não com Jacob
Frenkel (Merryl Linch), seu antípoda, como otimista inabalável.
"Jacob fala sobre tantos aspectos
que, em algum deles, acaba acertando", fulminou Roach, antes de também falar sobre muitos aspectos da
economia norte-americana.
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