São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Um é bom, dois é demais

BRASÍLIA - Como previsto, a reação agressiva de Lula (viajando, liberando verbas, investindo na publicidade) e a divisão do PSDB (com Alckmin e Serra disputando a candidatura) já se refletem nas pesquisas. Pelo último Ibope, Lula volta à liderança do primeiro turno e empata com Serra no segundo.
A semana não foi das melhores para Serra, o tucano favorito nas pesquisas. Além de perder a dianteira para Lula, consultas informais no Congresso mostram que deputados e senadores do partido preferem Alckmin. Para completar, FHC negou que apóie o prefeito de São Paulo, seu velho amigo, e avisou: quem tem de dar o primeiro passo, assumindo a candidatura, é o próprio Serra.
Ou seja: aparentemente, e considerando-se apenas a bancada federal, Serra não está conseguindo vencer o primeiríssimo turno da sucessão -a indicação do partido. Logo ele, que foi deputado federal, senador, ministro duas vezes e passou todo o ano passado conectado direta e diariamente tanto à Câmara quanto ao Senado. Alckmin está longe de ter a mesma influência dele no Congresso.
A chance de Serra, pois, está menos no quesito simpatia -que não parece ser seu forte junto aos correligionários com mandato federal- e mais nas pesquisas. Por isso, ceder espaço para Lula não é de bom augúrio.
A favor de Serra: seu desempenho nas pesquisas continua bem mais consistente do que o de qualquer outro tucano, apesar de Alckmin estar em franca campanha, com muita visibilidade na mídia e convertendo sua imagem de "chuchu" em determinação -que pareciam atributos mais condizentes com o prefeito.
Num confronto Lula-Serra, o presidente fica com 35%, apenas 4 pontos a mais que o prefeito (31%); quando o embate é Lula-Alckmin, o presidente sobe só 3 pontos, mas fica 21 à frente do governador (17%). Ou seja: Serra é bem mais forte, mas, enquanto ele e Alckmin disputam, os dois empacam. E Lula cresce.


@ - elianec@uol.com.br


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