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CARLOS HEITOR CONY
Fantástico! Inacreditável!
RIO DE JANEIRO - Outro dia,
acessei o Google, inventei um nome
absolutamente improvável e pedi
informações. Pensei que receberia
uma mensagem mandando-me para algum desses lugares que nunca
pretendemos conhecer, mas logo
apareceram na telinha algumas páginas referentes ao pedido.
Nascera na Tunísia, em ano incerto. Diziam ser filho ilegítimo de
um califa aposentado que morreu
no Cairo, após uma suruba incrementada com diversas prostitutas
locais. Não deixou bens, mas o filho
providenciou seus próprios bens e,
no dia em que fez 25 anos, era dono
de uma frota de camelos que transportavam turistas em volta das pirâmides e de uma plantação de coca
de baixos teores na Bolívia.
Sua grande oportunidade veio
com a Segunda Guerra Mundial,
durante a campanha da África,
quando Rommel, pelos alemães, e
Montgomery, pelo ingleses, segundo alguns comentadores, iriam
decidir o conflito.
O camarada era poliglota, falava
alemão e inglês, suplementarmente
era fluente em vários idiomas
orientais e em outros que inventava
na hora, conforme as circunstâncias. Tornou-se agente duplo e deu
informações erradas aos dois lados.
Vendia cigarros egípcios aos ingleses e uma bebida de alto teor alcoólico aos alemães. Com isso, ganhou
muito dinheiro, uma nomeação para o serviço secreto de Sua Majestade e outra para um posto equivalente na Gestapo nazista.
No final da guerra, foi cooptado
pela União Soviética, que usou os
seus serviços para criar um grupo
que dinamitaria o canal de Suez no
caso de uma guerra pelo controle
do Mediterrâneo, velha aspiração
dos russos desde os tempos dos
tzares.
Perseguido pela Interpol, veio
para o Brasil, onde se tornou usineiro no Nordeste e dono de bingos no
Sudeste.
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