São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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CARLOS HEITOR CONY

Fantástico! Inacreditável!

RIO DE JANEIRO - Outro dia, acessei o Google, inventei um nome absolutamente improvável e pedi informações. Pensei que receberia uma mensagem mandando-me para algum desses lugares que nunca pretendemos conhecer, mas logo apareceram na telinha algumas páginas referentes ao pedido.
Nascera na Tunísia, em ano incerto. Diziam ser filho ilegítimo de um califa aposentado que morreu no Cairo, após uma suruba incrementada com diversas prostitutas locais. Não deixou bens, mas o filho providenciou seus próprios bens e, no dia em que fez 25 anos, era dono de uma frota de camelos que transportavam turistas em volta das pirâmides e de uma plantação de coca de baixos teores na Bolívia.
Sua grande oportunidade veio com a Segunda Guerra Mundial, durante a campanha da África, quando Rommel, pelos alemães, e Montgomery, pelo ingleses, segundo alguns comentadores, iriam decidir o conflito.
O camarada era poliglota, falava alemão e inglês, suplementarmente era fluente em vários idiomas orientais e em outros que inventava na hora, conforme as circunstâncias. Tornou-se agente duplo e deu informações erradas aos dois lados. Vendia cigarros egípcios aos ingleses e uma bebida de alto teor alcoólico aos alemães. Com isso, ganhou muito dinheiro, uma nomeação para o serviço secreto de Sua Majestade e outra para um posto equivalente na Gestapo nazista.
No final da guerra, foi cooptado pela União Soviética, que usou os seus serviços para criar um grupo que dinamitaria o canal de Suez no caso de uma guerra pelo controle do Mediterrâneo, velha aspiração dos russos desde os tempos dos tzares.
Perseguido pela Interpol, veio para o Brasil, onde se tornou usineiro no Nordeste e dono de bingos no Sudeste.


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