|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
De culpas e candidatos
BRASÍLIA - A ministra e presidenciável Dilma Rousseff volta hoje
à cena política pilotando o (melhor
possível) balanço do PAC. Corre o
risco de ser bombardeada, na cerimônia no Planalto, com perguntas
desagradáveis não apenas sobre o
próprio PAC mas sobre os riscos de
um novo apagão.
A Aneel (agência do setor) diz que
não é impossível. O novo ministro,
Edison Lobão, já fala em "racionalizar o consumo". E o mais importante foi a "deixa" de Lula ontem: no
fundo, o importante é se prevenir,
ou seja, já ir arrumando culpados.
Como sempre, aliás.
Se tiver apagão, crise internacional, estouro das Bolsas, culpem-se o
Bush, o Saddam Hussein e principalmente o Fernando Henrique
Cardoso e a "herança maldita".
A contrapartida, porém, não vale.
Se não tiver apagão, se a recessão
americana não for tão braba, se as
Bolsas pararem de cair, não haverá
nenhuma divisão dos louros. Muito
menos com o governo anterior. Se
vier crise, malhação do Malan. Se o
Brasil resistir bem, ninguém vai se
lembrar dele.
Só não dá para esconder o sol com
a peneira no caso dos presidenciáveis de Lula. Dilma na berlinda por
causa das dúvidas no fornecimento
de energia -área, afinal, que lhe
deu o carimbo de boa executiva. José Temporão aflito por causa da febre amarela, num dia mandando
vacinar, no outro dizendo para não
vacinar, no terceiro culpando a vítima por não ter se vacinado e, no
quarto, acusando a imprensa pelos
erros de vacinação da rede pública.
E, enfim, Fernando Haddad impedido de discursar num evento, sob
vaias do esquerdista PSTU.
Lula tem enorme popularidade,
investimentos sociais e uma imensa estrela, mas, com esses candidatos (e quais seriam os outros?), vai
precisar bem mais do que isso para
fazer o sucessor. Principalmente
porque há controvérsias quanto à
força da transferência de voto, seja
dele, seja de qualquer um.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: Zurique - Clóvis Rossi: Pequena e inútil vingança Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Fantástico! Inacreditável! Índice
|