São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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CLÓVIS ROSSI

Basta a Sasha

PARIS - Por uma questão de transparência, tenho que confessar que o texto ontem publicado foi produto de um esforço sobre-humano para ser suave em relação ao discurso de Barack Hussein Obama (por que diabos o locutor oficial da cerimônia abreviou o "Hussein" para agá apenas?).
Explico: jornalistas acabam endurecendo o coração, especialmente se estão há muito tempo na linha de frente e mais ainda se o fazem em uma região como a América Latina, em que há mais dores a contar do que glórias a cantar.
Como se fosse pouco, passou de todos os limites a sugestão explícita ou implícita de quase toda a mídia planetária no sentido de que foi o governo Bush quem eliminou todos os méritos dos Estados Unidos e criou todos os seus pecados. Logo, sem Bush, acabam também todos os defeitos e ressurgem todas as qualidades.
Tolice. Os Estados Unidos são um império que ganhou todas as guerras de que participou, menos uma (Vietnã), e age como tal, para o bem ou para o mal, antes como depois de George Walker Bush cometer todos os erros que de fato realçaram o mal e esconderam o bem.
Obama, portanto, não vai refundar os Estados Unidos, ao contrário do que prometeu. Na melhor das hipóteses vai limpar a sujeira. Ponto.
Mas o que definitivamente contou para o texto foram aquelas duas meninas negras, filhas do casal Obama, e seu jeito na cerimônia, comportadas sem serem reprimidas por um Barack mais pai que presidente, por uma Michelle mais mãe que primeira-dama -todos, enfim, sem qualquer sinal exterior de empáfia de primeira-família.
Ah, o polegar para cima da mais novinha, Sasha, para o pai, após o discurso, dispensa qualquer editorial contrário (ou até favorável) de qualquer jornal. É tudo que qualquer pai, mesmo pai-presidente, pode querer.

crossi@uol.com.br



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