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SUICÍDIO FISCAL
Os dados reunidos pela Folha relativos à geração de empregos, à atração de investimentos e aos benefícios
dados a empresas reforçam a impressão de que os governos estaduais empreendem um suicídio fiscal.
O levantamento revela que oito Estados concederam benefícios cujo
custo já chega a pelo menos R$ 39 bilhões. São benefícios concedidos
sem transparência, de retorno duvidoso e em alguns casos nem sequer
gerando os empregos esperados.
Por vezes, os técnicos e políticos envolvidos mal disfarçam a irracionalidade dessas medidas. Há quem procure travestir a renúncia fiscal de "financiamento", quando os juros,
quando são cobrados, são negativos
em termos reais e as garantias formais são irrisórias.
Na prática, vários governos ao que
parece tentam compensar o fim dos
bancos estaduais. Usam impostos
como usavam o caixa de seus bancos:
sem preocupação fundamentada e
efetiva com o retorno das operações.
Dificilmente haverá, com o tempo,
desfecho diferente daquele observado com os bancos estaduais. É bem
provável que, no futuro, se e quando
a "caixa-preta" da guerra fiscal vier a
ser aberta, escândalos, imprudência
e falta de controle constituam a regra.
Enquanto isso, esses governos
comprometem a sua capacidade de
gasto em infra-estrutura, tanto econômica quanto social. Em alguns casos talvez até consigam, por um certo
período, criar ilhas de desenvolvimento em suas regiões.
Mas, sem recursos para investir em
infra-estrutura, os governos estaduais podem em alguns casos encontrar dificuldades até mesmo para
manter as ilhas já estabelecidas.
Caberia ao governo federal tomar a
iniciativa de avaliar com mais detalhe
esse leque de iniciativas e seus resultados reais. Além de não fazê-lo, o
Planalto sabotou a mobilização em
favor da reforma tributária, que seria
o modo e o momento para eliminar
as "armas" usadas na guerra fiscal.
O expediente seria transferir a base
de incidência dos impostos da origem para o destino. Ou seja, os Estados onde as indústrias estão instaladas deixariam de recolher os impostos, que passariam a ser cobrados pelos Estados onde ocorre a venda final
ao consumidor. Sem cobrar impostos, os Estados obviamente não teriam a faculdade de renunciar à arrecadação para atrair investimentos.
O país precisa de políticas industriais. O atual estado de coisas, no entanto, resulta numa guerra de todos
contra todos que nada tem de industrial e muito menos de política.
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