São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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Quem paga a conta

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Mesmo perdendo, o PFL dá um jeitinho de ganhar. Como agora.
O partido perdeu o trono de maior partido na Câmara num jogo congressual com o PSDB. Mas cobra o prejuízo não no Congresso, mas do Executivo. E com o salário mínimo, uma moeda do mundo real.
Quem tem mais ou menos deputados é uma questão para entendidos. Já o aumento do mínimo em 7%, 8% ou 30% tem profundas ramificações fiscais (no governo) e ainda mais profundas repercussões políticas e sociais (na vida das pessoas).
O PSDB ganhou uma batalha, mas quem herdou uma guerra perdida foi FHC. Se aumentar o mínimo para US$ 100, estoura as contas. Se não aumentar, vira o carrasco dos pobrezinhos que o PFL tanto defende.
Ano após ano, ninguém tascava a bandeira do mínimo do PT. Pois não é que o PFL conseguiu tascar? Com uma diferença: quando era o PT, tinha status de esperneio; agora que é o PFL, virou ameaça concreta.
FHC tentou inverter o jogo empurrando contra a parede o ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, que é mera extensão de ACM no governo.
Na semana passada, Ornélas tinha falado como ministro de FHC e com o tom de Pedro Malan: um aumento do mínimo para US$ 100 arrebentaria as contas da Previdência, do Tesouro, da República, do país, do mundo!
Ontem, falou com o tom político do patrono ACM: estuda o "maior aumento possível" e pode até arrebentar as contas todas, mas salvando os velhinhos e os desvalidos. Contou até um segredo: a reforma da Previdência foi feita para isso mesmo, para aumentar as aposentadorias e pensões?!
O PSDB pode ir para a praia, enquanto Malan recebe o PFL na quinta e FHC se vira para equilibrar todas as contas: o valor ridículo do mínimo, o caixa da Previdência, o(s) discurso(s) de Ornélas, a irritação de ACM e os "papers" para FMI ver. Se der, tem também aquela outra história. Como é mesmo? Ah. O ajuste fiscal.


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