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A TÁTICA DO DESPISTE
O aumento maior do salário
mínimo, a operação tapa-buracos nas estradas, o subsídio à contratação de empregados domésticos,
a corrida para espalhar "farmácias
populares". A máquina reeleitoral do
presidente da República funciona a
pleno vapor. Sua estratégia reúne a
receita usual dos políticos em sua
condição -acumular a toque de caixa "realizações" para exibir na campanha- e a tática do despiste.
Esta consiste em erigir entre o eleitorado e a recentíssima história política um anteparo repleto de slogans,
cifras e comparações com o passado
escolhidas a dedo. O objetivo é desviar os olhares dos descalabros éticos
praticados na esfera federal a favor
do consórcio de poder do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O governismo se vale da fadiga de parcela da
opinião pública com as notícias do
escândalo de corrupção. Também se
aproveita do momento em que o
PSDB trava uma disputa interna para
decidir seu candidato à Presidência.
Mas esse cenário em que o núcleo
em torno de Lula exibe sua versão
edulcorada da gestão sem ser contrastado não vai persistir. O aproximar da campanha vai trazer uma carga decerto inédita de questionamentos do governo Lula no aspecto da
moralidade pública.
Sob a gestão petista revelou-se a
existência de um esquema de pagamento em dinheiro vivo a parlamentares governistas organizado pelo
PT; o publicitário responsável pelas
campanhas da legenda em 2002
-inclusive a de Lula- admitiu ter
sido remunerado com dinheiro ilegal. Como se não bastasse, houve a
anedótica prisão de um assessor petista que tentava embarcar em um
vôo com US$ 100 mil na cueca.
Em conseqüência do escândalo, o
ministro tido como o mais forte do
governo foi obrigado a deixar seu
posto e teve o mandato parlamentar
cassado; o presidente, o secretário-geral e o tesoureiro do PT caíram por
ligações com o esquema criminoso;
na fila das cassações está, entre outros, o deputado petista que, na condição de presidente da Câmara, sacou R$ 50 mil do "valerioduto".
Por mais que a propaganda governista tente evitar, o eleitor será instado a refletir sobre esses fatos antes de
decidir em quem votar para presidente. E é bom para o amadurecimento democrático que assim seja.
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