São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Avanço no Paquistão

AO CONTRÁRIO das expectativas, o Paquistão conseguiu realizar eleições tranqüilas e aparentemente limpas, dando assim um passo para restabelecer-se como nação democrática. O ruim é que os resultados permitem prognosticar mais confusão política no país que, além de ser uma das regiões mais instáveis do planeta, se converteu em celeiro de terroristas.
As duas legendas que saíram vitoriosas são o Partido do Povo Paquistanês (PPP), liderado por Asif Ali Zardari, viúvo da ex-premiê Benazir Bhutto, que foi assassinada durante a campanha, e a facção da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N) comandada pelo ex-premiê Nawaz Sharif. Ontem, ambos anunciaram que vão formar uma coalizão.
O problema é que, além de não compartilharem uma plataforma, os dois homens desconfiam um do outro. Zardari, acusado de corrupção durante a gestão de sua mulher, foi preso na administração de Sharif. Este, por seu turno, nutre profundo ódio pelo presidente do país, Pervez Musharraf, o qual, pouco antes do pleito, foi reconduzido pelo Parlamento para um novo mandato. Em 1999, Musharraf liderou um golpe que depôs Sharif.
O ex-premiê vinha insistindo em tomar medidas para afastar Musharraf do cargo. O partido do presidente foi reduzido a uma pequena fração do que era na legislatura anterior. Mas Musharraf era, até havia pouco, comandante do Exército e preserva aliados entre os militares, que tutelam a política paquistanesa.
De seu lado, os EUA pressionam para que o combate ao terrorismo continue como prioridade, tese que encontra resistência em setores influentes, como o serviço secreto e membros da etnia pashtun, que tendem a ser mais simpáticos ao Taleban.
Eleições limpas podem ter sido uma surpresa, mas não livraram o Paquistão da instabilidade política e da violência terrorista.


Texto Anterior: Editoriais: Insegurança de Estado
Próximo Texto: Buenos Aires - Clóvis Rossi: Um gás tóxico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.