São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

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ELIANE CANTANHÊDE

Fim da quarentena

BRASÍLIA - Passado o Carnaval, que está logo aí, no início de março, tanto Dilma Rousseff quanto Luiz Inácio Lula da Silva vão engatar a segunda e entrar numa nova fase, deixando para trás a da chegada de uma e da saída do outro da Presidência, que foi um sucesso.
Dilma seguiu à risca a recomendação do marqueteiro João Santana e de seus assessores mais próximos e deu um tempo para a opinião pública e os interlocutores diretos do governo se acostumarem com a troca de comando, perceberem e elogiarem a mudança de estilo.
Foi discreta e gerentona. Recolheu-se ao Planalto, apareceu só o suficiente, falou pouco e tratou de anunciar um corte doído do Orçamento e um salário mínimo sovina. Tudo para não só consertar a herança fiscal maldita como também para construir uma marca própria e afastar o fantasma do carisma e da irreverência de Lula.
Agora, com os mercados e a "opinião publicada" -como ironizam alguns- confirmando a eficácia da estratégia, é hora de deixar os palácios, se expor mais e viajar pelo país, de olho na etapa seguinte: a das pesquisas, com os mais de 80% de Lula ainda fumegando.
Ele igualmente seguiu a risca a recomendação de João Santana, aliada à própria intuição, e nesses dois meses tirou férias do palavrório, dos holofotes e dos palanques, abrindo espaço para Dilma.
Mas Lula é Lula. Não se imagine que vá ficar quieto para todo o sempre e já avisou aos amigos que, passada a folia de Momo, ele vai tirar a fantasia de moço discreto e rodar a baiana dentro e fora do país. Vai passar a se manifestar, a aparecer em cerimônias públicas e a fazer palestras (a peso de ouro, evidentemente) mundo afora.
O limite de Dilma é não competir com Lula. O de Lula é não atropelar nem embaçar a pupilar e sucessora. Esse equilíbrio tem funcionado até aqui e deve se manter, porque eles tocam de ouvido. E ambos dançam conforme a música.

elianec@uol.com.br


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