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Bons sinais
O JOGO da democracia, ao
que parece, vai encaminhando a bom porto a discussão sobre a emenda três -o
dispositivo que barrava fiscalização abusiva de contratos de prestação de serviço, vetado pelo presidente Lula na semana passada.
Diante da disposição do Congresso de derrubar o veto presidencial, o governo pôs-se a negociar com deputados e senadores
a proposição de um projeto de lei
para regulamentar o tema. É um
sinal de reconhecimento, pelo
Planalto, de que a sua tática anterior -de confrontar uma demanda legítima por modernização na gestão de recursos humanos- estava fora de esquadro.
Como se sabe, a emenda três
atribuía exclusivamente ao Judiciário o poder de desconsiderar
pessoas jurídicas nos casos em
que contratos de prestação de
serviço encobrissem vínculo empregatício. Desse modo, apenas
explicitava princípios já estabelecidos na Carta e na legislação
contra uma interpretação abusiva -a de que o fisco também teria essa prerrogativa.
O trecho fora acrescido pelos
parlamentares ao projeto do
Executivo criando a Super-Receita -a união das máquinas fiscalizadoras da Previdência e da
Receita Federal. Atendendo a
pressões de sua base sindical e de
olho na arrecadação, Lula resolveu anular a emenda.
Abre-se agora, diante da perspectiva da derrubada do veto,
uma nova fase nesse processo,
que tem tudo para tornar-se
mais construtiva. A expectativa é
que se chegue a um regulamento
abrangente do espaço de atuação
dos prestadores de serviço, sem
aumento de imposto.
E, se a refrega tiver mesmo valor pedagógico para o Planalto,
que esse seja o primeiro passo na
direção de uma reforma rumo à
desoneração das contratações
no Brasil. O país precisa encontrar um modelo adequado ao século 21, para que possa empregar
mais cidadãos no setor formal.
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