São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

A Casa do pai José

BRASÍLIA - Mexe daqui, remexe dali, vai-se descobrindo é que o Senado não é uma casa da mãe Joana mas uma Casa do pai José Sarney.
Ninguém tinha ideia de que as diretorias do Senado se contavam às dúzias, até que, somadas uma a uma, são 181. As atenções voltam-se naturalmente para Sarney, não só por ser o atual presidente, mas por ter sido presidente antes e continuar sendo uma espécie de eterno presidente. O que manda. O que fez todos os últimos ocupantes do cargo, seus correligionários.
Pelo visto, cada presidente cria as "suas" diretorias, para abrigar amigos e cabos eleitorais e garantir-lhes gratificações e privilégios. Mas cria também as "diretorias do Sarney", o dono da casa (ou Casa), que delega a administração a Renan Calheiros, que conhece tudo ali como a palma da mão.
Não é à toa que a reprovação do Congresso chega a 37%. A planta baixa do Senado deve mostrar um ambiente retalhado em salinhas e saletas para acomodar 81 senadores, 181 diretores e os demais milhares de funcionários que trabalham ou "trabalham".
E uma árvore genealógica contaria toda essa história de multiplicação de cargos, vagas e salários. Contrate-se o fulano, depois as mulheres do fulano, do sicrano e do beltrano e, enfim, como tudo é uma festa, os filhos de todos eles. Em seguida, genros, noras e sobrinhos.
Por último, os amigos do fulano, do sicrano, do beltrano, das mulheres, dos filhos, dos genros e das noras.
Além de um funcionário muito comum nessa cadeia: a mulher, o filho e até o neto do ex-senador, aquele sujeito tão bacana que morreu ou perdeu o mandato e não pode deixar a família à míngua.
Mas -acredite- há também o funcionário concursado, de carreira, com bons títulos e que leva a coisa a sério. Além, claro, de morrer de raiva de tudo isso, inclusive de não ter aquele gabinetão do apadrinhado do José. E é daí, com a inestimável disputa PT-PMDB, que os podres vêm à tona. Ainda bem.
Concurso já!

elianec@uol.com.br


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