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ELIANE CANTANHÊDE
A Casa do pai José
BRASÍLIA - Mexe daqui, remexe
dali, vai-se descobrindo é que o Senado não é uma casa da mãe Joana
mas uma Casa do pai José Sarney.
Ninguém tinha ideia de que as diretorias do Senado se contavam às
dúzias, até que, somadas uma a
uma, são 181. As atenções voltam-se
naturalmente para Sarney, não só
por ser o atual presidente, mas por
ter sido presidente antes e continuar sendo uma espécie de eterno
presidente. O que manda. O que fez
todos os últimos ocupantes do cargo, seus correligionários.
Pelo visto, cada presidente cria as
"suas" diretorias, para abrigar amigos e cabos eleitorais e garantir-lhes gratificações e privilégios. Mas
cria também as "diretorias do Sarney", o dono da casa (ou Casa), que
delega a administração a Renan Calheiros, que conhece tudo ali como
a palma da mão.
Não é à toa que a reprovação do
Congresso chega a 37%. A planta
baixa do Senado deve mostrar um
ambiente retalhado em salinhas e
saletas para acomodar 81 senadores, 181 diretores e os demais milhares de funcionários que trabalham
ou "trabalham".
E uma árvore genealógica contaria toda essa história de multiplicação de cargos, vagas e salários. Contrate-se o fulano, depois as mulheres do fulano, do sicrano e do beltrano e, enfim, como tudo é uma
festa, os filhos de todos eles. Em seguida, genros, noras e sobrinhos.
Por último, os amigos do fulano, do
sicrano, do beltrano, das mulheres,
dos filhos, dos genros e das noras.
Além de um funcionário muito
comum nessa cadeia: a mulher, o filho e até o neto do ex-senador,
aquele sujeito tão bacana que morreu ou perdeu o mandato e não pode deixar a família à míngua.
Mas -acredite- há também o
funcionário concursado, de carreira, com bons títulos e que leva a coisa a sério. Além, claro, de morrer de
raiva de tudo isso, inclusive de não
ter aquele gabinetão do apadrinhado do José. E é daí, com a inestimável disputa PT-PMDB, que os podres vêm à tona. Ainda bem.
Concurso já!
elianec@uol.com.br
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