São Paulo, Segunda-feira, 22 de Março de 1999
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AQUECIMENTO NOS EUA

O banco central dos EUA -Fed- divulgou relatório sobre a economia norte-americana, mais uma vez confirmando forte dinamismo, sem pressões inflacionárias. Ainda assim alguns sinais começam a servir de alerta e aumentam a polêmica sobre a possibilidade de o Fed decidir pela elevação dos juros em sua próxima reunião, que ocorrerá no dia 30.
Os EUA se beneficiam de um cenário internacional em que boa parte dos países exportadores de matérias-primas e bens industrializados, na Ásia e na América Latina, está obrigada a vender a preços baixos, em razão das desvalorizações de moeda que ocorreram nos chamados mercados emergentes.
Assim como é costume designar um banco central como "emprestador de última instância", ou seja, como o garantidor final da solvência do sistema bancário em casos de crise aguda, os EUA tornaram-se um "importador de última instância".
O cenário mundial é de crescimento baixo na Ásia (pois a China também perde dinamismo), desaceleração na União Européia e restrições ao crescimento nas principais economias da América Latina. Sobram os EUA como o único mercado globalizado ainda em expansão.
Duas pressões inflacionárias, entretanto, começam a se delinear. De um lado, o próprio aquecimento nos EUA produz no mercado de trabalho um desequilíbrio crescente, que já se manifesta como escassez de mão-de-obra qualificada e tendências de elevação de salários.
De outro, a Arábia Saudita lidera uma nova tentativa de redução na oferta de petróleo. Outras tentativas foram feitas nos últimos anos, sem sucesso. Se a manobra agora funcionar, o Fed necessariamente a levará em conta nas suas avaliações de pressões futuras de custos.
Entre os que debatem o papel do Fed, muitos sugerem que, também quando se trata de inflação, é melhor prevenir do que remediar. Se essa visão prevalecer, em breve os juros nos EUA podem começar a subir.


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