São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Verbas
"Leitor assíduo da Folha, surpreendi-me com a reportagem "Liberação de verbas atinge R$ 47 milhões na semana" (Brasil, pág. A5, 11/5). Esclareço que fiz uma emenda ao Orçamento da União em 1999 -no valor de R$ 300 mil- para a melhoria das condições habitacionais em Jequié (BA), fruto do programa Habitar Brasil. A obra foi executada durante o ano de 2000, com as seguintes liberações efetuadas pelo Sedu/CEF: 1) primeira liberação em 15/9, no valor de R$ 60 mil; 2) segunda liberação em 20/12, no valor de R$ 120 mil; 3) terceira e última liberação em 9/5, no valor de R$ 60 mil, cinco meses após a conclusão das obras (restos a pagar de 2000). Os números contrastam, aliás, com a informação desse periódico, que falava que estavam sendo liberados R$ 60 mil para o início das obras. Outrossim, a reportagem publicou que eu teria apresentado emendas ao Orçamento de 2000 para obras de saneamento básico em Camaçari, no valor de R$ 200 mil, cujas liberações teriam sido processadas entre segunda-feira (7/5) e quarta-feira (9/5). Devo esclarecer que, na realidade, fiz uma emenda no valor de R$ 200 mil, através de uma emenda de bancada, para obras que seriam realizadas através de um convênio entre a Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) e a Prefeitura Municipal de Camaçari. Houve, porém, um corte inicial por parte do governo federal de 30% e, posteriormente, de mais 54,5%, perfazendo um total de 84,5% e reduzindo a emenda de R$ 200 mil para R$ 33 mil. Até hoje, nunca soube que tais recursos, no valor agora declarado, tivessem sido liberados, mesmo porque o prefeito daquela cidade jamais me comunicou esse recebimento. Para finalizar, afirmo que em nenhum momento houve coincidência da retirada de meu nome do requerimento da CPI com os fatos publicados. Afirmo, para não deixar dúvidas, que retirei a minha assinatura pelos seguintes motivos: 1) a oposição estava fazendo da CPI um palanque eleitoral, sem dar os nomes dos que tinham assinado; 2) recebi -daqueles que votam maciçamente em mim- um pedido de avaliação sobre a permanência de minha assinatura; 3) em revolta ao tratamento que está sendo dado ao senador Antonio Carlos Magalhães, líder inconteste em nosso Estado e também no Brasil; 4) finalmente, convenci-me de que o estardalhaço que estava sendo praticado somente estragaria a imagem do nosso país." Luiz Moreira, deputado pelo PFL (Salvador, BA)

Resposta do jornalista Lucio Vaz - A reportagem da Folha relatou a liberação de R$ 60 mil para a cidade de Jequié em 9/5, véspera do arquivamento da CPI da corrupção. Consulta ao Siafi mostrou que a Prefeitura de Camaçari recebeu R$ 200 mil para obras de saneamento entre 7/5 e 9/5.

Responsabilidade presidencial
"Parabenizo os eminentes juristas Fábio Konder Comparato, Celso Antonio Bandeira de Mello, Dalmo Dallari, Goffredo Telles Júnior e Paulo Bonavides pelo requerimento de processo por crime de responsabilidade apresentado à Câmara dos Deputados contra o presidente Fernando Henrique Cardoso pela sua truculenta, perdulária e antidemocrática ação para impedir a CPI da corrupção. É uma pena que a grande imprensa (inclusive a Folha) não esteja dando a necessária repercussão e apoio a esse importante e patriótico ato de cidadania. Depois não poderá ser dito que os cidadãos brasileiros não cumprem com o seu papel. Esse será o primeiro teste para o deputado Aécio Neves mostrar a sua estatura política -grandeza ou subserviência. O simples arquivamento da denúncia deixará, certamente, grave e indelével mancha em sua carreira política, sobretudo em Minas Gerais." Aloísio de Araújo Prince (Belo Horizonte, MG)

Limpeza
"Com relação à reportagem "Empresas varrem só 36% do que deveriam", a Vega Engenharia Ambiental garante que vem executando, na íntegra, o Plano de Trabalho aprovado pelo Limpurb e esclarece o seguinte: 1) nos dias 9 e 10 de maio, datas em que o Datafolha teria feito a pesquisa sobre a frequência da varrição das vias, a nossa CAC -Central de Atendimento ao Cliente- e o sistema Alô Limpeza não receberam nenhuma reclamação de moradores das ruas citadas; 2) frequentemente, a Vega faz pesquisas internas para atender aos procedimentos do ISO 9002. Excepcionalmente, a empresa realizou uma pesquisa, nos dias 18, 19 e 20 de maio, para aferir a qualidade dos serviços nas ruas citadas por esse jornal. A Vega constatou que o nível de aceitação teve média de 7,6 pontos, numa escala de 0 a 10, como segue resultado anexo; 3) em algumas ruas, existe mais de uma equipe executando o serviço, simultaneamente ou em turnos diferentes, além dos serviços complementares de varrição de calçadas, efetuados por outras equipes. Assim sendo, entendemos ser fundamental, para uma análise criteriosa e fiel do resultado da pesquisa, que tenhamos conhecimento da metodologia aplicada, sob pena de ela induzir a análises distorcidas e/ou irreais." Octávio Nunes, gerente de Comunicação da Vega Engenharia Ambiental (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Nenhuma informação publicada merece retificação. Ao contrário do que sugere a empreiteira, a metodologia do Datafolha é pública. Está expressa na reportagem em questão e está, como sempre esteve, à disposição dos interessados. Já o levantamento da Vega feito pela própria Vega sobre a própria Vega só é de conhecimento da Vega.

Além e aquém
"Assustadora a entrevista com o ministro Pedro Parente ("Decreto "antiinvestimento" pode ser revisto", Dinheiro, pág. B11, 20/5). Estamos mesmo em uma democracia com livre e irrestrito acesso à Justiça? Segundo o ministro, "liminares, ações na Justiça, isso é uma coisa que infelizmente virou esporte nacional". Pelo que me consta, isso é um direito garantido pela Constituição. Como pode um ministro dizer que liminares e ações na Justiça estão acontecendo de "uma forma muito além do que seria razoável'? Parece-me que o governo é que está dirigindo o país de uma forma muito aquém do razoável." Vinícius de Carvalho (São Paulo, SP)

Ônibus
"Tenho 29 anos e ainda me lembro de quando saía com a minha mãe e como ficava empolgado ao entrar nos antigos ônibus da CMTC. Limpinhos, às vezes até com o assoalho ainda molhado pela água que o cobrador acabara de jogar para enxaguar. Os bancos eram até confortáveis. Numa época chegaram até a ter rádio! Hoje, bem, hoje pego ônibus clandestino, muitas vezes não posso sentar por causa da poeira, os bancos são de plástico duro. E os motoristas são tão delicados ao dirigir que, por causa da minha altura, bato a cabeça nos ferros. Isso quando não acabo sentando involuntariamente. Vou parar por aqui. Só pra terminar: vale R$ 1,40?" Luis Henrique dos Santos (São Paulo, SP)



Texto Anterior: Israel Klabin: Energia - a estratégia errada

Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.