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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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PAINEL DO LEITOR

PT
"Depois dos contundentes ataques de Luiz Inácio Lula da Silva a Sarney, a Maluf e a Roberto Marinho em discurso de 1987 ("Radicais divulgam vídeo de Lula contra reforma e Sarney") e sabendo das novas opiniões que o atual presidente da República tem sobre essas figuras públicas, caberia perguntar: Luiz Inácio Lula da Silva também considera bravatas eleitorais essas afirmações de 15 anos atrás? Ou teriam Sarney, Maluf e Marinho se transformado em verdadeiros estadistas segundo o atual figurino do renovado Partido dos Trabalhadores? Ou ainda: na defesa da "governabilidade", esqueça-se tudo o que foi dito?"
Carla Ponce de Leon (Bauru, SP)

 

"A Folha, na reportagem "Radicais divulgam vídeo de Lula contra reforma de Sarney" (Brasil, pág. A4, 21/5), de Fernando Rodrigues, abre uma ferida profunda no embate político entre a esquerda e a direita no Brasil. Publica, com todas as cores, um ato de vandalismo estudantil contra o bom senso e a figura do presidente do Brasil. Nossa indignação diz respeito aos autores do ato covarde e irresponsável. A direita não faria melhor com esse material, gravado e exposto agora para a história contemporânea. Fora de contexto, esse material gravado e também transcrito vai subsidiar, aí sim, inúmeras campanhas difamatórias contra o presidente da República e o próprio PT, que os "enfants terribles" dizem defender. Não foi o Lula quem mudou, foi o próprio PT. O Brasil mudou. O PT passou por um Congresso -em 1992, em que rediscutiu todas as suas metas- e por quatro disputas pela Presidência. O PT e Lula têm de ouvir a maioria da população brasileira, e não essa legião de candidatos ao "Big Brother Brasil". A grande maioria da população, que continua privada de informações, vítima da forma como se comportam os meios de comunicação, precisa tomar conhecimento do que pensam os assim chamados "radicais" sobre os mais diferentes temas. 'Para muita gente, não interessa o que eles pensam, e sim o quanto podem desgastar o atual governo."
Jair Alves, dramaturgo (São Paulo, SP)


Campeonato Brasileiro
"Os cartolas que sempre debocharam da sociedade reagem a lei. Vão parar o Campeonato Brasileiro. Será que vamos aceitar essa retaliação ou vamos fazer valer a lei -que vale para todo mundo, menos para eles. Chega de desmandos, de arbitragens tendenciosas, de favorecimentos a certos clubes, de virada de mesa etc., tudo patrocinado por esses senhores. O Estatuto do Torcedor é fundamental para que voltem a frequentar os estádios pessoas que abandonaram esse lazer por falta de segurança."
Emanuel Cancella (Rio de Janeiro, RJ)


Minas
"Creio ser necessário diversificar a pauta de problemas econômicos brasileiros a serem discutidos. Um desses problemas é o da política de aproveitamento de nossas riquezas minerais. Ninguém aborda o tema. Ora, o país, particularmente o norte de Goiás e o Estado de Tocantins, é rico em minérios: cassiterita, amianto, grafite, mármores, cristal de rocha, níquel etc. A destinação dessas riquezas interessa à população e deveria ser preocupação do governo. O ministério não é de Minas e Energia? O que pensa, se é que pensa, o governo Lula a respeito das minas?"
Plinio Xavier de Mendonça Júnior (Florianópolis, SC)


MST
"Os sem-terra continuam desrespeitando a lei sem que haja nenhuma repressão dos governos estaduais e federal ("MST depreda engenho em Pernambuco", Brasil, pág. A8, 20/5). Quem produz, sustentando o país e dando emprego, são as "grandes" propriedades rurais, com produtores e trabalhadores honestos, que tiram tudo o que precisam do fruto de seu trabalho árduo sem necessitar de nada do governo, exceto de segurança para exercer seu trabalho. Chegou a hora de acabar com isso. O governo pelo menos deveria cumprir a lei que jurou respeitar em sua posse (a Constituição). Chega de demagogia. O ideal nesse caso é a máxima do governo: "O Brasil quer trabalhar"."
José Oliveira Gonçalves (São Paulo, SP)


Governo
"O senador Tião Viana se perdeu em algum ponto entre as origens e o governo ("Das origens ao governo", "Tendências/ Debates", pág. A3, 20/5). Mostrou ser um conhecedor da ciência política, mas, ao afirmar que o PT "nunca propôs uma revolução", desconhece algumas das principais resoluções de seu próprio partido (ver, por exemplo, o 5º Encontro Nacional e a própria tese do bloco majoritário -Por uma Revolução Democrática). A principal incoerência, no entanto, é aquela que se apresenta quando o senador -concordando com Cerroni que o partido e seu funcionamento são um embrião da sociedade que quer construir- guarda toda a democracia e a abertura pluralista ao diálogo para os aliados externos de última hora ao mesmo tempo que àqueles companheiros(as) das fileiras do partido que discordam de certas posições resta a punição e o escárnio. Realmente é lamentável confundir o desejo com a realidade. Pior ainda é reduzir o desejo ao cálculo do pragmatismo. Já que o senador gosta de citações, que fique com a de Hegel: "É naquilo que um espírito se satisfaz que medimos o tamanho de sua perda"."
Mauro Luis Iasi, professor de ciência política da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e membro do Coletivo da Secretaria Nacional de Formação Política do PT (São Bernardo do Campo, SP)


Loucura
"O editorial "Loucura e sanidade" (Opinião, pág. A2, 20/5) desconsiderou que os distúrbios psiquiátricos, diferentemente de outras doenças, atingem o indivíduo na sua capacidade de julgar a realidade. Assim, é muito comum que pacientes em surtos agudos não entendam a necessidade de se tratar, cabendo então ao médico decidir interná-los involuntariamente ou deixá-los à mercê de seus delírios, correndo riscos e muitas vezes ameaçando a integridade de terceiros. Daí a necessidade real, e não o anacronismo ou autoritarismo, das internações involuntárias."
Daniel Martins de Barros, médico psiquiatra do Núcleo de Psiquiatria Forense do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP (São Paulo, SP)


Desserviço ao debate
"Foi com perplexidade que lemos o artigo "O flagelo das drogas", do professor Edevaldo Alves da Silva ("Tendências/ Debates", 19/5). Como pesquisadores envolvidos há anos com a complexa questão do consumo e tráfico de substâncias psicoativas, resta-nos repudiar o tratamento preconceituoso, moralista e desinformado dado ao tema. Com o pretexto de incentivar estudos e debates, o artigo cobra a adesão de todos ao simplista e improdutivo posicionamento "contra" as drogas. Além disso, desinforma o leitor ao incluir a morfina, substância de consumo insignificante no país, como um grave problema nacional. A chamada ao debate é importante, mas qualquer discussão iniciada nesses termos conduz ao caminho dos embates estéreis e contraproducentes, trajeto esse que permanece estigmatizando usuários e investindo no enfrentamento militarista do problema das drogas ilícitas no Brasil."
Maurício Fiore, antropólogo e Thiago Rodrigues, cientista político do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (São Paulo, SP)


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