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COQUETEL DE DROGAS
Se o consumo de drogas entre
jovens já é preocupante, inquieta ainda mais o fato de que muitos
deles venham utilizando diversos tipos de substâncias simultaneamente. De acordo com reportagem publicada por esta Folha, as combinações
incluem drogas de efeitos paradoxais, como a quetamina (anestésico
com propriedades alucinógenas) e a
cocaína, um estimulante. Essas associações, já explosivas, são ainda
acrescidas do sildenafil (o nome técnico do Viagra), produzindo uma
verdadeira roleta russa química.
Sabe-se que parte significativa dos
jovens de grandes centros urbanos
dos mais diversos países já fez ou faz
uso de drogas. A maioria deles, felizmente, sobrevive à experiência, isto
é, não chega a desenvolver dependência. Há, no entanto, os casos, não
raros, em que vidas são arruinadas.
A questão é de saúde pública. São
vários os problemas dos coquetéis de
drogas. Em primeiro lugar, eles já
são indicativos de um padrão patológico de uso. Além disso, favorecem o
surgimento das chamadas dependências cruzadas (em mais de uma
substância capaz de viciar), que são
mais difíceis de tratar. Por fim, essas
combinações aumentam o risco de
intoxicações agudas potencialmente
fatais, com o agravante de que seus
efeitos são desconhecidos da literatura médica, o que dificulta o próprio
atendimento de emergência.
Vivemos numa época em que o
prazer individual é crescentemente
valorizado, e os jovens são as vítimas
mais previsíveis dessa ilusória busca
de paraísos artificiais. Como filósofos gregos já ensinavam, existe um
cálculo do prazer a ser observado.
Para Epicuro, o tão caluniado pai do
hedonismo, a felicidade é a ausência
de dor, ideal cuja busca leva necessariamente à moderação.
Por mais que o jovem tenha dificuldades para aprender essa lição, é preciso que o poder público e os pais
atuem de maneira realista na educação e no esclarecimento. Prevenir,
nesses casos, continua sendo o melhor remédio.
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