São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

São Paulo e o PT em 2010

EMÍDIO DE SOUZA


É esse debate que precisa ser proposto aos brasileiros que moram em nosso Estado. Chegou a hora de arejar São Paulo


PELA PRIMEIRA vez, desde 1989, o nome do presidente Lula não estará na cédula na próxima eleição. Para os militantes e simpatizantes do PT, esse fato traz em si uma novidade e uma enorme tarefa: confirmar nas urnas no ano que vem o projeto político que estabilizou a economia, gerou emprego, redistribuiu a renda e acumulou reservas robustas o suficiente para que o país estivesse firme diante da maior crise econômica mundial desde 1929.
No plano federal, o partido caminha para abraçar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cuja experiência e conhecimento dos principais problemas e gargalos do país é indiscutível. Não por acaso foi escolhida responsável pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, tarefa que vem desempenhando com competência e o devido senso de urgência.
Nesse cenário, a presença de São Paulo na sucessão presidencial reveste-se de importância ainda mais significativa. Maior colégio eleitoral do país, o Estado sintetiza talvez como nenhuma outra unidade da Federação o maior problema brasileiro: a imensa desigualdade que separa ricos e pobres. Ainda hoje convivem aqui polos de tecnologia e excelência e municípios com taxa de mortalidade infantil próxima das regiões mais pobres do país.
Em São Paulo, seja por sua dinâmica econômica, seja pela importância política específica que o Estado tem, vai se dar o grande embate de projetos para o futuro do país.
Felizmente, o PT tem o que mostrar, e as comparações, sob qualquer ponto de vista, nos são amplamente favoráveis: fim da dependência do FMI (Fundo Monetário Internacional), mudança paulatina de matriz energética, criação de vigoroso mercado interno, elevação do país a "investment grade", redução do desemprego, inserção no cenário internacional. Enfim, não temos medo do debate!
Não é essa a situação dos tucanos em São Paulo. Sob denominações partidárias diversas, o atual primeiro escalão paulista participou ativamente de todos os governos, sem exceção, que se sucedem no Estado há 26 anos (Montoro, Quércia, Fleury, Covas, Alckmin e Serra), tempo suficiente para mudar eixos fundamentais de políticas públicas.
Infelizmente, decorrido mais de um quarto de século, a educação pública paulista, responsável pela formação de gerações de profissionais preparados em outros tempos, caminha de forma medíocre, devolvendo à sociedade legiões de analfabetos funcionais, incapazes de formular um pensamento ou escrever um texto com começo, meio e fim.
Na área do transporte e das vias públicas, diz tudo a lentidão da ampliação do Metrô e a inapetência para entregar o Rodoanel.
A segurança pública oscila entre a falta de iniciativa e a Operação Castelinho, entre as ruas desertas devido às ameaças de um grupo organizado de presos e o conflito aberto entre policiais civis e militares na porta do Palácio dos Bandeirantes.
Como se observa, apesar da suposta intimidade com a moderna gestão do Estado, os tucanos repetiram em São Paulo sua vocação para promover apagões...
É esse debate que precisa ser proposto aos brasileiros que moram em nosso Estado. Chegou a hora de arejar São Paulo, reciclar ideias e promover alternância do núcleo de poder.
Mais do que a disputa materializada em nomes, o PT, com sua história, sua militância, seus erros e seus acertos, tem a tarefa de promover um profundo debate e dizer o que quer para o nosso Estado agora e para as futuras gerações.
Deve ser a nossa prioridade neste momento o processo de construção de um programa que projete o Estado de São Paulo que nós queremos para o futuro, com planejamento estratégico que contemple eixos para a saúde, a educação, a segurança, a infraestrutura e os programas de inclusão social.
É com essa motivação que participo do debate com meus companheiros e com a sociedade de forma geral.
A definição de nomes e candidaturas virá a seu tempo, sem prévias ou imposições, com musculatura e densidade, e com o PT mais unido do que nunca, pronto para construir um projeto que devolva o Estado de São Paulo ao caminho da inovação, da liderança e do bem-estar social.


EMÍDIO DE SOUZA, 50, é prefeito de Osasco pelo PT.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES
Gilberto Kassab: Cidade limpa e transparente

Próximo Texto: Painel do Leitor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.