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Depois de Uribe
Com quase 70% dos votos, Juan
Manuel Santos, 58, sagrou-se presidente eleito da Colômbia.
Como era de esperar, dedicou o
triunfo ao padrinho eleitoral, o
presidente Álvaro Uribe, cujos índices de aprovação -praticamente iguais ao da parcela de votos
destinada a Santos- foram decisivos para a vitória.
Não seria pequeno o capital político de qualquer candidato que
se apresentasse como representante de um projeto continuísta no
país vizinho. Em oito anos de governo, Uribe enfrentou e enfraqueceu as Farc, a guerrilha associada ao narcotráfico, devolvendo
ao cidadão direitos básicos, como
o de se locomover pelo país.
Santos, ex-ministro da Defesa
de Uribe, tem sua imagem política
associada a essas e outras conquistas do presidente que agora
deixa o cargo. É o caso da sensível
redução da violência nas principais cidades do país, a que se soma um incremento médio anual
do PIB de 4,4%.
A título de comparação, a economia brasileira cresceu 3,6% ao
ano, em média, sob o presidente
Lula, de 2003 a 2009 -mesmo período do presidente colombiano.
Mas a escolha de Santos também veio apesar de Uribe -que
tentou, até o último momento,
viabilizar seu projeto de concorrer
a um terceiro mandato. Em fevereiro, a Corte Constitucional da
Colômbia vetou, enfim, a realização de plebiscito sobre o tema.
O atual mandatário não tinha
em Santos seu sucessor predileto.
Na campanha, o candidato aludiu
aos altos índices de desemprego
(12%) e de pobreza (45% da população), que não se alteraram profundamente sob Uribe, apesar do
crescimento econômico. É de esperar, ainda, que ocorra alguma
inflexão no front externo, pois ao
mesmo tempo em que sua conquista premia o trabalho do antecessor, Santos certamente terá
voo próprio.
Interessa ao país melhorar o relacionamento com a Venezuela,
tradicional importadora de bens
industriais colombianos. Crescentes conflitos diplomáticos entre
Bogotá e Caracas levaram o governo de Hugo Chávez a reduzir o volume de trocas comerciais entre os
dois países, para prejuízo local.
Ganha a Colômbia, que vai deixando para trás tempos sombrios,
e ganha a democracia do continente, que não deixou prosperar a
tentação continuísta.
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