São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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VINICIUS MOTA

Classe média, o homem, o mito

SÃO PAULO - Famílias de classe média têm renda mensal superior a R$ 3.500. Um em cada quatro indivíduos que provêm de suas fileiras completou o curso superior; mais de um em cada dez é pós-graduado. Habitam com mais freqüência o Sudeste, as capitais e as regiões metropolitanas. É uma pena, para Geraldo Alckmin, que essa definição de classe média seja apenas mítica.
Nessa fatia que representa na verdade a classe alta -6,6 milhões de eleitores ou 5,3% do universo sufragante-, o tucano seria o favorito para vencer as eleições de outubro: bateria Lula em um hipotético segundo turno, diz o Datafolha, com 20 pontos percentuais de margem.
A autêntica família de classe média brasileira ganha de R$ 700 a R$ 1.750 por mês, também se concentra no Sudeste, embora com mais freqüência nas franjas das capitais e no interior. Os eleitores nessa faixa deterão um terço dos votos (40 milhões) no pleito de outubro. Essa classe é média porque está entre uma base de 63 milhões de eleitores cuja renda familiar não ultrapassa 2 salários mínimos -metade do eleitorado, que na maioria vota no petista- e a elite já identificada.
Embora longe da pujança verificada na classe média do mito, na classe média da realidade o desempenho do tucano é melhor do que no Datafolha geral. Na fatia de 2 a 5 salários mínimos, Alckmin obtém 33% das intenções de voto (28% no cômputo geral); Lula fica com 40% (44% no total da amostra). A distância entre os dois nesse estrato de renda caiu cinco pontos percentuais em pouco mais de 15 dias.
Uma variação de rendimento que nos pode parecer tênue significa muito. Na base mais fiel a Lula (renda até R$ 700), 60% não terminaram o ensino fundamental (metade destes nem concluiu a 4ª série primária). Na classe média, logo acima, a escolaridade mais freqüente (35%) é o ensino médio completo.
Um caminho para o PSDB tentar equilibrar o jogo é encaixar uma mensagem eficaz para esse público de fato médio. Mas qual será ela?


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