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Editoriais
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Abuso e intimidação
Responsáveis por flagrantes e
reincidentes desrespeitos à legislação eleitoral, o presidente Lula e
o PT resolveram lançar mão de
uma lamentável estratégia intimidatória contra a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau. No
exercício de suas funções, a integrante do Ministério Público é autora de ações que resultaram em
multas contra o mandatário por
campanha antecipada.
Lula, que já afirmou não ter
"por hábito desafiar nem o mais
humilde dos brasileiros", a ela se
referiu como uma "procuradora
qualquer". O presidente do PT, José Eduardo Dutra, declarou que
estudava entrar com uma representação contra a advogada dos
interesses do eleitor no Conselho
Nacional do Ministério Público
Segundo sua interpretação distorcida dos fatos, Cureau impõe
tratamento mais rigoroso aos aliados da campanha de Dilma Rousseff (PT) do que a seus opositores.
Ao fazer tal avaliação, Dutra omite
ou ignora, convenientemente, as
representações que a procuradora
já apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral contra o candidato
presidencial tucano, José Serra, e
diretórios regionais do PSDB.
Melhor fariam o PT e o presidente da República se seguissem o
simples princípio enunciado anteontem por sua candidata. "Leis
e instituições devem ser respeitadas", afirmou Dilma, que se vê à
vontade para evitar "polêmicas"
com o Ministério Público enquanto seus pares buscam deslegitimar
qualquer fiscalização ou sanção a
sua candidatura.
Ainda que a lei eleitoral seja, em
alguns aspectos, criticável -inclusive ao estabelecer um prazo
artificial para o início da campanha-, compete ao presidente
cumpri-la. Mais do que "propaganda eleitoral antecipada", seu
governo organizou atos em que a
administração pública foi posta a
serviço de interesses partidários.
É um sinal de maturidade das
instituições do país que o Ministério Público resista, com a serenidade da procuradora Cureau, a
tais tentativas de abuso de poder.
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