São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Partido-fantasma

SÃO PAULO - As assinaturas de apoio à criação do PSD são tão autênticas quanto a cor do cabelo do prefeito Gilberto Kassab.
Como se ainda precisasse ser desmoralizado, o novo partido -nem de centro, nem de esquerda, nem de direita- vai multiplicando fraudes durante sua gestação.
Submetidas à perícia a pedido deste jornal, todas as três listas examinadas, oriundas do Rio e de São Paulo, estavam recheadas de embustes. Assinaturas atribuídas a diversos eleitores foram feitas, na verdade, por uma única pessoa. Até um defunto punha seu nome ali, -logro idêntico ao que já havia sido descoberto em fichas de Santa Catarina. No Paraná, em vez da violação dos mortos, o partido optou pela assinatura de analfabetos.
Não bastasse, a máquina da prefeitura foi posta a serviço da legenda. Um repórter da Folha assinou a lista dentro do gabinete do subprefeito da Freguesia do Ó. Faltam-me ÓÓÓÓÓs para descrever as peripécias dessa turma de Kassab.
Em Ermelino Matarazzo, periferia leste da capital, 18 supostos apoiadores do novo partido foram convocados pelo cartório eleitoral para uma checagem. Nove deles disseram não ter assinado nada. Nessa amostra, só 50% de trapaça.
O cacique do PSD no Rio, deputado Indio da Costa, diz que tudo está sendo feito "dentro da maior lisura possível". A iniciativa mais séria desse personagem caricato do neoconservadorismo de beira-mar, a quem José Serra quis dar projeção nacional, foi aquele projeto para proibir esmolas nos sinais de trânsito. Não se deve mesmo acostumar essa gente das ruas à vida fácil...
Até setembro, o PSD de Kassab e Indio terá de recolher 490 mil assinaturas em pelo menos nove Estados. Estão trabalhando nessa base, "dentro da maior lisura possível". O prefeito paulistano levou muito ao pé da letra a verdade de que os partidos, no Brasil, não valem nada e não representam nada, são só agrupamentos de fachada para acomodar interesses pessoais e escusos.


Texto Anterior: Editoriais: Perdidos no espaço

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Guerra de dossiês
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.