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INSENSATEZ DO MERCADO
O presidente Fernando Henrique Cardoso fez sérias críticas ao funcionamento dos mercados
financeiros internacionais. Segundo
FHC, os mercados tiveram um "surto de insensatez" quando cortaram o
crédito ao setor privado brasileiro.
Os mercados financeiros internacionais passam celeremente da euforia para a depressão. A crise de confiança na economia dos EUA -desencadeada pela desaceleração econômica e pelas fraudes contábeis, associada à ruptura dos contratos de
dívida argentina- elevou a incerteza, tornando quase impossível o cálculo da rentabilidade dos investimentos. Diante de tal incerteza, os
investidores estrangeiros reduziram
suas posições nos mercados financeiros e de ativos reais brasileiros,
ocasionando restrição do crédito externo, com flutuações drásticas no
câmbio. Assim, a análise do presidente está correta: o sistema financeiro internacional é instável, pois
sujeito à oscilação nas expectativas.
Todavia, foi o governo FHC que
aprofundou os vínculos do mercado
financeiro doméstico com o internacional. Em primeiro lugar, estimulou o endividamento externo das empresas. Em segundo lugar, promoveu a entrada de capital, mediante investimento direto e de portfólio. Em
terceiro lugar, facilitou os mecanismos de saída de capital, embora
mantendo os registros das operações no Banco Central.
O resultado foi a elevação do passivo externo bruto para US$ 432 bilhões e remessas anuais de juros e lucros em torno de US$ 20 bilhões,
sem a geração de superávits comerciais equivalentes. Essa inserção internacional -que subordina a economia brasileira aos surtos de expansão e de retração dos mercados
financeiros-, deve ser objeto de ampla discussão na campanha eleitoral.
A dependência de capitais externos
precisa ser reduzida mediante saldos
comerciais crescentes e a redefinição
do papel do sistema financeiro doméstico no financiamento do desenvolvimento econômico e social.
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