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SERRA NO ATAQUE
Não há surpresa na tática adotada no primeiro dia da campanha televisiva do tucano José Serra:
atacar Ciro Gomes. O candidato governista e o da Frente Trabalhista disputam não apenas uma vaga no turno final das eleições mas também,
em boa medida, a mesma fatia do
eleitorado e do apoio político e financeiro. Quatorze pontos atrás de Ciro,
de acordo com o Datafolha, Serra parece disposto a correr os riscos de
uma campanha mais agressiva.
O cálculo dos assessores de marketing do candidato do governo tem lógica. O tempo de Serra na TV é muito
grande, o que permite dividi-lo entre
a chamada campanha positiva (que
fala do candidato e de suas principais
promessas) e a negativa (que ataca o
adversário). Além disso, há um padrão histórico de audiência desses
programas que estabelece, grosso
modo, os dez primeiros e os dez últimos dias como os de maior visibilidade. E a chance de Serra ir para o segundo turno depende de o governista diminuir rapidamente a sua desvantagem em relação a Ciro Gomes
nas pesquisas de intenção de voto.
Mas a opção da campanha de Ciro
Gomes de manter-se como que
alheia ao tiroteio do adversário também faz sentido. O que indica a mais
recente safra de sondagens eleitorais
é que o ex-governador do Ceará, se já
não sobe, estacionou num patamar
que, se for mantido até o fim, muito
provavelmente lhe assegurará uma
vaga na disputa final. Ao mesmo
tempo, o pleiteante da Frente Trabalhista, ao que consta com a ajuda decisiva de Tasso Jereissati, vai temperando o seu discurso agressivo com
sinalizações para o "establishment"
-uma delas tendo sido a adesão do
economista brasileiro radicado no
exterior José Alexandre Scheinkman.
A questão é saber até que ponto o
eleitorado aceita o ataque ao adversário como moeda política. A tentativa
de convencer o público dos defeitos
do adversário pode ser entendida como tática desesperada de quem está
atrás nas pesquisas e, assim, voltar-se contra o candidato que ataca.
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