São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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SERRA NO ATAQUE

Não há surpresa na tática adotada no primeiro dia da campanha televisiva do tucano José Serra: atacar Ciro Gomes. O candidato governista e o da Frente Trabalhista disputam não apenas uma vaga no turno final das eleições mas também, em boa medida, a mesma fatia do eleitorado e do apoio político e financeiro. Quatorze pontos atrás de Ciro, de acordo com o Datafolha, Serra parece disposto a correr os riscos de uma campanha mais agressiva.
O cálculo dos assessores de marketing do candidato do governo tem lógica. O tempo de Serra na TV é muito grande, o que permite dividi-lo entre a chamada campanha positiva (que fala do candidato e de suas principais promessas) e a negativa (que ataca o adversário). Além disso, há um padrão histórico de audiência desses programas que estabelece, grosso modo, os dez primeiros e os dez últimos dias como os de maior visibilidade. E a chance de Serra ir para o segundo turno depende de o governista diminuir rapidamente a sua desvantagem em relação a Ciro Gomes nas pesquisas de intenção de voto.
Mas a opção da campanha de Ciro Gomes de manter-se como que alheia ao tiroteio do adversário também faz sentido. O que indica a mais recente safra de sondagens eleitorais é que o ex-governador do Ceará, se já não sobe, estacionou num patamar que, se for mantido até o fim, muito provavelmente lhe assegurará uma vaga na disputa final. Ao mesmo tempo, o pleiteante da Frente Trabalhista, ao que consta com a ajuda decisiva de Tasso Jereissati, vai temperando o seu discurso agressivo com sinalizações para o "establishment" -uma delas tendo sido a adesão do economista brasileiro radicado no exterior José Alexandre Scheinkman.
A questão é saber até que ponto o eleitorado aceita o ataque ao adversário como moeda política. A tentativa de convencer o público dos defeitos do adversário pode ser entendida como tática desesperada de quem está atrás nas pesquisas e, assim, voltar-se contra o candidato que ataca.


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