 São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002 |
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PAINEL DO LEITOR Nulo "Em uma eleição que parece enterrar de vez a palavra "ideologia", causa estranhamento o fato de que os institutos de pesquisa e a grande imprensa não estejam dando destaque à quantidade de votos nulos e brancos nas pesquisas de intenção de voto. O voto nulo é uma opção ao eleitor que não se sente contemplado por nenhum dos candidatos concorrentes. Em um processo democrático que foi reduzido à mera corrida eleitoral, com todos os candidatos apresentando o mesmo discurso, o voto nulo é o único voto de protesto." Thiago Benichio, estudante de jornalismo -PUC-SP (São Paulo, SP) Fruta cítrica "A busca de poder a qualquer preço por Orestes Quércia trouxe Fernando Morais à lucidez. Escritor respeitado, por quem tenho especial admiração, saiu-se bem no debate da TV Bandeirantes e começou a achar que o cacique, dono do PMDB de São Paulo, ia deixar que ele fosse candidato para valer a governador pelo Estado de São Paulo. Mas então sentiu o seu tempo ser todo sugado para a campanha do candidato a senador. Agora, um teólogo foi indicado para, conforme disse Boris Casoy, "fazer papel de fruta cítrica (laranja)" e permitir a propaganda do cacique." Osvaldo do Amaral (Capivari, SP) Pena de morte "A professora Maria Victoria Benevides já retificou, no "Painel do Leitor" de 20/8, as posições sugeridas pelo repórter Fabio Zanini sobre o Orçamento Participativo em nível federal. Quanto à questão da pena de morte, o repórter deve recordar-se de que ele mesmo a listou como hipótese para um plebiscito, com o que concordei -entre outras matérias que estão além dos poderes que o mandato popular confere ao Congresso, caso também da Alca, das formas de governo, da República e da soberania nacional. No caso -absurdo para mim, mas não impossível- de que alguma decisão do Congresso pretenda reformar a posição constitucional sobre a matéria, disse-lhe, e ele deve lembrar-se disso, que, para mim, para a comissão que coordeno e para os petistas, a vida é uma "cláusula pétrea", acima até de eventuais decisões dos cidadãos. A vida é a suprema construção humana na longa marcha da civilização, e pontos de vista, que são historicamente mutáveis, não podem sobrepor-se a ela. Peço, pois, que, apesar de longo, esse esclarecimento, que não pretende pôr em dúvida a boa-fé do repórter, seja publicado devido à importância da questão." Francisco de Oliveira, professor titular aposentado da FFLCH-USP e coordenador do projeto de reforma política do Instituto Cidadania (São Paulo, SP) Educação "Sobre a reportagem "Secretário de Alckmin voa sem licitação" (Eleições 2002, pág Especial 13, 18/8), gostaria de informar que, ao contrário do que está na matéria, não compartilho da mesma opinião do deputado César Callegari quando este diz que o governador marcou um gol político ao colocar Gabriel Chalita na Secretaria da Educação. Acredito, sim, que o secretário tem uma atuação eleitoreira e que sua posição é resultado de marketing, e não de um real empenho em solucionar os problemas da educação." Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp -Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP) Arte "A exposição "Pop Brasil - A Arte Popular e o Popular na Arte", ao apresentar a produção de 90 artistas em três espaços do CCBB-SP, representa esses segmentos com recorte excepcional, sem "separá-los" e sem teor "nacionalista", diferentemente da interpretação do articulista Jorge Coli na coluna "Ponto de Fuga" do caderno Mais! em 11/8. A mostra, que termina no próximo dia 25, já foi visitada por mais de 30 mil pessoas, que, em geral, se encantam com as 201 obras de uma vertente pouco vista entre nós. Um catálogo com 140 páginas documenta o fato. O senhor Jorge Coli, do alto de sua erudição, esmera-se em cometer indelicadezas apoiado em um texto de 1928, de Henri Focilon, para justificar idéias que ignoram o conteúdo da exibição em benefício de um discurso azedo e elitista." Paulo Klein, membro da Association Internationale de Critique d'Art e da Associação Brasileira de Críticos de Arte (São Paulo SP) Resposta do historiador Jorge Coli - Que o curador da mostra esteja contente com ela, é seu direito. O próprio título escolhido para denominá-la, porém, impõe reflexão e aprofundamento, que estão ausentes ali. A análise da coluna "Ponto de Fuga" discutiu idéias, não atacou pessoas. Sexo e igreja "A declaração do arcebispo George Pell de que o "aborto é pior do que abusos sexuais cometidos por religiosos", reproduzida no texto "Acusação de abuso afasta bispo de Sydney" (Mundo, pág. A9, 21/8), expõe a dupla moral de alguns religiosos e a dificuldade que a igreja tem de abrir-se para um diálogo sobre esses dois assuntos. Ao não aceitar e ao reprimir a sexualidade humana, a igreja pode estar estimulando que esta seja vivida de forma dolorosa e problemática. A falta de orientação sexual e a proibição do uso de preservativos e de outros métodos contraceptivos podem estar provocando gravidezes indesejadas e levando mulheres a procurarem soluções que causam muito sofrimento e até mortes." Dulce Xavier, integrante do grupo Católicas pelo Direito de Decidir (São Paulo, SP) Calçada "O texto da reportagem "Secretaria reprova piso "eleito" da Paulista" (Cotidiano, pág. C1, 20/8) dá a impressão de que esta secretaria teria uma posição contrária ao piso indicado em votação realizada há dois meses. Essa informação não corresponde à verdade. A Sempla não foi solicitada a opinar sobre pisos. A sra. prefeita solicitou-nos avaliar quais poderiam ser as prioridades de hoje para manter e elevar a qualidade dessa importante avenida. O relatório entregue à sra. prefeita, após reuniões com as secretarias pertinentes e com os autores de projetos anteriores para aquele logradouro, inclusive com os autores do que atualmente existe, alinha diversos aspectos e prioridades -desde problemas de manutenção a problemas de mobiliário, de aspectos paisagísticos a problemas tecnológicos e a eventuais projetos pontuais ao longo da avenida. Para qualificar esse logradouro, propõem-se intervenções diversas, sendo que a troca completa do piso das calçadas não é apontada como primeira prioridade. No que tange ao pavimento das calçadas, o relatório em nenhum momento sugere alterar a escolha popular realizada. Dependendo da ordem de prioridade a ser adotada, ou o material do piso atual (mosaico português) permanece, ou ele será substituído pelo indicado na votação. Em ambos os casos, recomenda-se a utilização de tecnologia não-destrutiva de pavimento para as passagens necessárias à passagem de cabos. O relatório também sugere encaminhamentos que envolvem a responsabilidade dos diversos órgãos da prefeitura pertinentes, assim como a manutenção e a ampliação dos contatos com a Associação Paulista Viva e com outras entidades da sociedade civil." Jorge Wilheim, secretário municipal de Planejamento Urbano (São Paulo, SP) Texto Anterior: Carlos de Meira Mattos: Por que Bush prioriza o Iraque? Próximo Texto: Erramos Índice |
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